tag:blogger.com,1999:blog-85656449576221526252024-02-21T09:02:55.499-03:00Visão LiteráriaEste blog não tem pretensão de fazer crítica literária.
Expressa a visão descomprometida de um simples leitor.Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.comBlogger94125tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-24283827777574675962014-07-21T12:33:00.000-03:002014-07-21T15:23:42.565-03:00A Senhoria – Fiódor Dostoiévski<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNhiH-8_4LUk05DwVn9914JNIcOaYPIZ3cvEKs2M61PcL82TQP5DwPJYiyb8acraph41wM23M9r0pbhTBOEB4mjKr1vRzBmYfqpSws-8CeSsy3DTdQan9sfIaecxSyAdzgD-GLUOtW4oj5/s1600/A+senhoria.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNhiH-8_4LUk05DwVn9914JNIcOaYPIZ3cvEKs2M61PcL82TQP5DwPJYiyb8acraph41wM23M9r0pbhTBOEB4mjKr1vRzBmYfqpSws-8CeSsy3DTdQan9sfIaecxSyAdzgD-GLUOtW4oj5/s1600/A+senhoria.jpg" height="200" width="133" /></a>A novela combina o drama sentimentalista com o devaneio fantasmagórico.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vassíli Ordínov, personagem central da trama, navega entre a realidade trivial e a paixão alucinada pela jovem Katierina, que vive um relacionamento enigmático com um velho que apoderava-se de mandingas, livros e citações para mantê-la insegura e dependente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em uma igreja, Ordínov avista a bela Katierina e se ver atraído por ela. Sai à procura de um local para se hospedar e depara-se com o velho misterioso que termina por lhe alugar um dos cômodos da casa. A partir daí a novela impõe uma trilogia: um velho astuto, um jovem apaixonado e uma mulher insegura dividindo um ambiente incestuoso e sombrio.</div>
<div style="text-align: justify;">
A disputa por Katierina adquire um contexto filosófico aprofundado em consequências psicológicas que remete Ordínov à infância, tendo como parte das lembranças o velho camponês Múrin, seu opositor na disputa por Katierina.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto, escrito quando o autor tinha vinte e seis anos, é curto e melancólico, sinaliza aos seus apreciadores o acervo conflituoso das demais obras. Assim é Dostoiévski, transfere para o leitor as suas inquietações e o deixa entender que o passado e futuro, a exemplo da história vivida por Ordínov, é nada mais que o presente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Crime e Castigo, Irmãos Karamázov, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, Noites Brancas, O Crocodilo, Uma história lamentável, O Duplo, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo. () </span></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<b><span style="font-size: x-small;">Referência bibliográfica</span></b><br />
<span style="font-size: x-small;">Dostoiévski, Fiódor, 1821-1881.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">A senhoria: novela petersburguense / Fiódor Dostoiéviski; tradução, posfácio e notas de Fátima Bianchi; gravuras de Paulo Camillo Pena. 2. São Paulo: Ed. 34, 2006.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">144 p. (Coleção Leste)</span><br />
<span style="font-size: x-small;">ISBN 978-85-7326-355-8</span><br />
<span style="font-size: x-small;">Tradução de: Khoziáik</span><br />
<span style="font-size: x-small;">1. Literatura russa. I. Bianchi, Fátima. II. Pen Paulo Camilo. III. Título. IV. Série.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-43717701494681050742014-07-09T13:59:00.003-03:002014-07-21T15:27:19.369-03:00O Silêncio das Montanhas – Khaled Hosseini<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9XgOyFIwhNyfFJFbJP_i0xXoUjRZJFAfzXLl6nZixpjSTWXJm978o5EJ1XZDeUbu5l5WZLJIG-DzhPZ37glUcgPoOGe7R-8cLA2TbiCI0IPaa8IvNCJ12GiEPeyIei3uFmCJnUU2VNz5/s1600/O_SILENCIO_DAS_MONTANHAS_1366389997P.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9XgOyFIwhNyfFJFbJP_i0xXoUjRZJFAfzXLl6nZixpjSTWXJm978o5EJ1XZDeUbu5l5WZLJIG-DzhPZ37glUcgPoOGe7R-8cLA2TbiCI0IPaa8IvNCJ12GiEPeyIei3uFmCJnUU2VNz5/s1600/O_SILENCIO_DAS_MONTANHAS_1366389997P.jpg" height="200" width="139" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">A fábula contada pelo pai dos órfãos Abdullah e Pari tem a aldeia
de Maidan Sabz como cenário da vida de </span><i style="font-size: 12pt;">devs,
jinis</i><span style="font-size: 12pt;"> e </span><i style="font-size: 12pt;">gigantes</i><span style="font-size: 12pt;"> que perambulavam
por terras de um fazendeiro chamado Baba Ayub. Um </span><i style="font-size: 12pt;">dev</i><span style="font-size: 12pt;"> submete um pai a escolher um dos filhos para entrega-lo em
troca da sobrevivência. A decisão da escolha acarretou sofrimentos, perdas, benefícios
e recompensas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ao passar do
tempo, a fábula se transforma em realidade e o pai de Abdullah e Pari é
submetido a conflitos por ceder a filha em troca de recompensa financeira. A
decisão acarretou consequências imprevisíveis e irreparáveis na vida e dos
irmãos. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O patrão do
motorista, Nabi, casa-se com a poeta Nila Wahdati que descobre o interesse do
marido, homossexual, por ele. Nila desperta a admiração de Nabi e ao conhecer a
sua história o convence a leva-la à aldeia onde morava o pai de Pari.
Convencido por Nila, o pai da garota abdica-se da filha em troca de recompensa
financeira. Consumado o fato, Nila e Pari vão morar em Paris e deixa o marido, moribundo,
aos cuidados do motorista, em Cabul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nila, filha
de um afegão com uma francesa, embarca no mundo da intelectualidade e
experimenta um relacionamento que interfere no convívio com a garota. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A história contada
em vários cenários e por diversos personagens culmina com a morte de Nila que termina
por revelar a verdadeira origem de Pari. De volta ao Afeganistão, a já adulta Pari,
reencontra o irão e toma consciência das perdas acarretadas pela realidade
sociopolítica do país e das consequências desastrosas do fato. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fora do tema
central que move a narrativa outros fatos são contextualizados referentes às
perdas e dificuldades para recuperação da autoestima:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><i>“Muitos anos
depois, quando comecei a estudar para ser cirurgião plástico, entendi uma coisa
que não sabia naquele dia na cozinha, enquanto argumentava para que Thalia
saísse de Tinos e fosse para o internato. Aprendi que o mundo não via o seu
interior, não se importava com as esperanças, os sonhos e as tristezas que
pudessem existir sob a pele e os ossos. Era simples assim, absurdo e cruel.
Meus pacientes sabiam disso. Percebiam que muito do que eram, do que seriam ou
poderiam ser girava em torno da simetria de suas estruturas ósseas, do espaço
entre os olhos, do tamanho do queixo, da projeção da ponta do nariz, se tinham
ou não o melhor ângulo frontal.<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><i>A beleza é
uma dádiva imensa e imerecida, distribuída aleatória e estupidamente. ”</i></b><br />
<b><i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><i>“Minha
proposta para Thalia continua valendo até hoje. Sei que ela não vai aceitar.
Mas agora eu entendo. Porque ela tem razão, isso é quem ela é. Não posso
pretender saber como deve ter sido olhar para aquele rosto no espelho todos os
dias, fazer um levantamento da horrível ruína, reunir vontade para aceitar. A
força gigantesca necessária, o esforço, a paciência. A aceitação tomando forma
lentamente, ao longo dos anos, como rochas num penhasco na beira do mar,
esculpidas pelas ondas que batem. Foram minutos para o cachorro dar a Thalia
aquele rosto, e toda uma vida para transformá-lo numa identidade. Ela não me
deixaria desfazer tudo isso com meu bisturi. Seria como infligir um novo
ferimento sobre o antigo. ”<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></i></b><br />
<b><i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O que move
as pessoas na busca por mudanças não é o que querem, mas, o que não querem,
afirma o autor...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><i>“— É uma
coisa engraçada, Markos, mas normalmente as pessoas veem a coisa ao contrário.
Elas pensam que vivemos pelo que queremos. Mas o que as conduz é o que elas
temem. O que elas não querem. ”</i></b><b><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em várias
oportunidades e por motivos diversos o ser humano é submetido a situações
parecidas com a da fábula. Mães e pais, obrigados ou por opção, se afastam dos
filhos e/ou os apartam dos irmãos. As consequências são as mais diversas. Certamente,
cada um de nós já ouviu contar situações parecidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Silêncio
das Montanhas é rico no campo das relações humanas e impõe escolhas e decisões
que interferem na vida e bem-estar das pessoas. Não bastasse a importância do tema
o autor usa uma narrativa que mantem o leitor zelado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></b><b><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações
sobre o autor</b><b> - </b>Khaled Hosseini é médico nascido
em Cabul capital do Afeganistão, com naturalização estadunidense. Sua mãe era
professora e o seu pai trabalhou no Ministério do Exterior afegão. Em 1976
mudou-se com a família para Paris por conta do emprego do seu pai. Enquanto
estavam em Paris, os comunistas assumiram o poder. Formou-se em medicina na
Universidade da Califórnia em San Diego, Estados Unidos. Escreveu além do
Caçador de Pipas, A Cidade do Sol e O Silêncio das Montanhas</span><span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Referência
bibliográfica</b><br />
Hosseini, Khaled<br />
O Silêncio das Montanhas: romance / Khaled Hosseini. - São Paulo: Editora Globo
S.A., 2013.<br />
eISBN: 9780986939754.<br />
Título original: And the montains echoed.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: x-small;">Tradução:
Claudio Carina.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: x-small;">Apresentação:
Livro digital.</span><span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></div>
Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-13989686771115428972013-05-20T18:22:00.001-03:002014-07-21T15:28:42.223-03:00A Travessia de Caleb – Geraldine Brooks<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSEoRvGHaPDDiQ5c6j7nPGGS6wQFTcOdCNHpxrwCfNarPXpyRtQnGFfGsro0R77FXjiNEXsIzbRjBX4IcdiSXb8cFKv9C-V7kSS2a5vUCm0Y8DTRBV3P2YYFTHaqFoTKBFzIh0Md2ra4vn/s1600/A-travessia-de-Caleb---CAPA-3_interna.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSEoRvGHaPDDiQ5c6j7nPGGS6wQFTcOdCNHpxrwCfNarPXpyRtQnGFfGsro0R77FXjiNEXsIzbRjBX4IcdiSXb8cFKv9C-V7kSS2a5vUCm0Y8DTRBV3P2YYFTHaqFoTKBFzIh0Md2ra4vn/s1600/A-travessia-de-Caleb---CAPA-3_interna.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSEoRvGHaPDDiQ5c6j7nPGGS6wQFTcOdCNHpxrwCfNarPXpyRtQnGFfGsro0R77FXjiNEXsIzbRjBX4IcdiSXb8cFKv9C-V7kSS2a5vUCm0Y8DTRBV3P2YYFTHaqFoTKBFzIh0Md2ra4vn/s200/A-travessia-de-Caleb---CAPA-3_interna.jpg" height="200" width="129" /></a><br />
A história começa em uma reservada comunidade inglesa na ilha Great Harbor e traz para discussão a influência calvinista e o choque entre culturas. O excesso e apego aos ensinamentos bíblicos, atrelado à repulsa aos prazeres da vida e a crença na predestinação social e religiosa, tornou a vida da jovem Bethia Mayfield um verdadeiro inferno.<br />
Não bastasse o rigor religioso do pai, que recorria à vontade divina para justificar as agruras sofridas pela família, a jovem e talentosa Bethia foi privada da oportunidade de acesso às informações que pudessem balizar as suas escolhas. Aliás, escolhas era o que menos a jovem podia fazer. <br />
A vida lhe reservou uma oportunidade que terminou alterando o curso dos acontecimentos. Em uma das suas caminhadas conheceu Caleb, filho de um líder tribal, habitante da ilha. Daí, Bethia encontra na relação a naturalidade, desprovida de conceitos arcaicos e restritivos. As exigências sociais e religiosas tomam outra roupagem, ao perceber os valores atribuídos à natureza pelos nativos. Caleb desperta interesse, contudo, devido à pouca idade e à imposição cultural Bethia mantem-se confusa por muitos e muitos anos.<br />
Sacrificada pelo pai após a morte de sua mãe, pelo irmão e avô após a morte do seu pai, Bethia torna-se serviçal em uma escola preparatória para possibilitar o ingresso do irmão e de Caleb em Harvard. Começa outra fase da história que dá outro curso à vida de Bethia.<br />
<div style="text-align: justify;">
Ao final, a narrativa traz surpresas e dá ênfase aos conflitos psicológico imputados por excesso de rigor religioso e opressão social. Leva à reflexão sobre como seria a história se alguns fatos não tivessem acorridos.<br />
<br />
<strong><em>“Será sempre assim, no fim das coisas? Será que alguma mulher é capaz de contar os grãos de sua colheita e dizer: foi o suficiente? Ou será que sempre pensamos no que mais poderíamos ter vivido se o trabalho houvesse sido mais árduo, a ambição mais vasta, as escolhas mais sábias? Continuo a ler e me pego sorrindo para a jovem cheia de vigor, sua coragem, sua insensatez e seus muitos medos.”</em></strong><br />
<br />
O texto impõe à reflexão sobre o acaso:<br />
<em><strong>“Se eu tivesse me afastado daquele menino à beira da lagoa, montado em Pintada e cavalgado de volta para o meu mundo, deixando-o em paz com seus deuses e espíritos, teria sido melhor? Ele ainda estaria vivo, agora como um senhor idoso, patriarca de uma família, líder de sua tribo? Talvez. Não tenho como saber.”</strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro possui uma linguagem direta, acessível e lógica. Mostra um história preconceituosa e intervencionista que desrespeita crenças e culturas a exemplo do que ocorreu em muitas das colonizações.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><strong>Informações sobre a autora</strong> – Geraldine Brooks é escritora e jornalista. Cresceu nos subúrbios ocidentais de Sydney. Trabalhou como repórter para o jornal Sydney Morning Herald e para o The Wall Street Journal, onde cobriu as crises no Oriente Médio, África e Balcãs. Escreveu Senhor March, Ano de Maravilhas, Ano de Milagres e As Memórias do Livro. Recebeu o Prêmio Pulitzer de ficção em 2006.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-size: x-small;"><strong>Referência bibliográfica</strong><br />Brooks, Geraldine,1955.<br />A Travessia de Caleb: A luta de um homem para não se perder entre culturas / Geraldine Brooks; tradução Diego Alfaro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.<br />392p.: 23 cm<br />Tradução de: Caleb’s crossing<br />ISBN 978-85-209-2957-5<br />1.Cheeshahteaumuck, Caleb, 1646-1666 – Ficção. 2. Ficção histórica. 3. Ficção australiana. I. Alfaro, Diego. II. Título.</span></div>
Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-14733343782516584512012-12-16T14:40:00.002-03:002012-12-16T14:48:18.961-03:00O Duplo – Fiódor Dostoiévski<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZckPjoMPnvYZuuPlUfEcNQi8s2gr8sTuKgSmoKnyy0FvOeS_cGBKYBDxTBSU5JvIwy4SScsk74T8Mb0Un4GdTMmpHxBDSvoSvSN041w38RcecEAfW7AYc47DCffd69GDXuC1KbbsvMRUB/s1600/O+duplo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZckPjoMPnvYZuuPlUfEcNQi8s2gr8sTuKgSmoKnyy0FvOeS_cGBKYBDxTBSU5JvIwy4SScsk74T8Mb0Un4GdTMmpHxBDSvoSvSN041w38RcecEAfW7AYc47DCffd69GDXuC1KbbsvMRUB/s200/O+duplo.jpg" width="138" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A narrativa imprime contradições da consciência humana e tem como protagonista o funcionário público Golyádikin. O isolamento provocado pelo distanciamento social produz sentimento de solidão, característico de pessoa que necessita ser aceita como parte de uma sociedade que não a vê de forma igualitária.</div>
<div style="text-align: justify;">
O texto, ao revelar os diálogos entre Golyádikin e Golyádikin segundo, se apresenta truncado, indicando a alteração da consciência do protagonista. Para facilitar este entendimento, logo no início da história, o autor conduz o protagonista ao consultório do seu médico, para indicar a existência de anormalidade na personalidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Golyádikin tentava, a todo custo, ser aceito em determinada classe social de uma Rússia Czarista, e, por não conseguir, terminou por criar o seu duplo como forma de projetar suas expectativas. Esta fantasia imprimiu diálogos desconexos e desencontrados com a realidade dos fatos. Adentrou, sem ser convidado, na casa do chefe durante uma festa e terminou sendo convidado a se retirar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b>“O senhor Golyádikin reconhecera por completo seu amigo noturno. O amigo noturno era ele mesmo – o próprio senhor Golyádikin, outro senhor Golyádikin, mas absolutamente igual a ele, era, em suma, aquilo que se chama o seu duplo, em todos os sentidos...”</b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b>“(...) até o próprio senhor Golyádikin estaria disposto a considerar tudo isso um delírio quimérico, uma fugaz perturbação mental, um eclipse da mente (...)”</b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
O duplo escreveu ao senhor Golyádikin:<i><b> “Se te esqueceres de mim não me esquecerei de ti; tudo é possível na vida, não te esqueças tu de mim!”</b></i> referindo-se a elevação da autoestima, já que quem falava era o próprio Golyádikin.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um homem dialoga com ele mesmo e mostra o quanto o isolamento social traz consequências para a sua vida. Idealiza que a filha do chefe quer fugir com ele e se coloca à disposição deste interesse fictício. Enquanto projeta o encontro decide impor uma moral descabida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto é riquíssimo, não só pela textura da linguagem, mas, também, por falar de sentimentos do próprio autor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Crime e Castigo, Irmãos Karamázov, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, Noites Brancas, O Crocodilo, Uma história lamentável, O Duplo, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo. () </span></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span><b><span style="font-size: x-small;">Referência bibliográfica</span></b><br />
<span style="font-size: x-small;">Dostoiévski, Fiódor, 1821-1881.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">O duplo: poema petersburguense / Fiódor Dostoiéviski; tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra; desenhos de Alfred Kubin. Texto sobre Kubin de Samuel Titan Jr. 2. São Paulo: Ed. 34, 2011.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">256 p. (Coleção Leste)</span><br />
<span style="font-size: x-small;">ISBN 978-85-7326-472-2</span><br />
<span style="font-size: x-small;">Tradução de Dvoinik</span><br />
<span style="font-size: x-small;">1. Literatura russa. I. Bezerra, Paulo. II. Kubin, Alfred. Título. III. Titan Jr., Samuel. IV. Título. V. Série.</span><br />
<br />
<div>
<br /></div>
Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-37251309569896512452012-09-14T17:38:00.000-03:002012-12-16T15:13:26.301-03:00O Eterno Marido - Fiódor Dostoiévski<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvS0kYETRrkqMDuRPHeeUKvoiOB2IWmhdjKip89i8J2wWDvIa1Qnoi72gbvV4VNLV8XrbkSASHobOp6qzLuVNl49JF4sSuXJJFh0whEDPShP7aQtGG35eJS6Ncn1lZmLqgIEsiDwNZ12wo/s1600/o+eterno+marido.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvS0kYETRrkqMDuRPHeeUKvoiOB2IWmhdjKip89i8J2wWDvIa1Qnoi72gbvV4VNLV8XrbkSASHobOp6qzLuVNl49JF4sSuXJJFh0whEDPShP7aQtGG35eJS6Ncn1lZmLqgIEsiDwNZ12wo/s200/o+eterno+marido.jpg" width="142" /></a></div>
O desconfiado, hipocondríaco e lamuriento Vieltchâninov padecia de insônia e, frequentemente, tinha sonhos muito estranhos. Ocupava-se na busca de uma solução para a conclusão de um processo que lhe daria a posse de uma propriedade. Deparou-se algumas vezes com Páviel Pávlovitch Trussótzki e percebeu que havia muita coincidência nos encontros, contudo, não conseguia lembrar-se de onde conhecia o seu seguidor que, estranhamente, portava um crepe no chapéu. Certa feita, Páviel vai à casa de Vieltchâninov e se identifica como viúvo de Natália Vassílievna e o informa da existência de Lisa, filha de Natália.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo teria sido natural se, no passado, não tivesse havido um relacionamento amoroso entre Vieltchâninov e a atraente e dominadora Natália Vassílievna.</div>
<div style="text-align: justify;">
Lisa morre, dez dias após conhecer Vieltchâninov, e, só após sua morte, Páviel revela a Vieltchâninov que ela era sua filha. A revelação causou enorme descontentamento não só devido ao fato de não ter convivido com Lisa, mas, também, por perceber que a atitude de Páviel demonstrava vingança por ter sido traído.</div>
<div style="text-align: justify;">
Páviel tenta um relacionamento com Nadiejda e pede a Vieltchâninov que o acompanhe à casa da pretendente para formalizar o compromisso. Logo após são surpreendidos com um pedido do jovem Alexander Lobov para “<i><b>l</b></i><b><i>impar o campo</i></b>” já que a Nadiejda era sua amada. Páviel se nega a desistir de Nadiejda e ouve do jovem a seguinte frase: “<i><b>O senhor é como um cachorro sobre um monte de feno; não aproveita e não deixa que os outros aproveitem</b></i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dostoiévski insere o amor nas relações pessoais em uma época que os matrimônios eram regidos por interesses familiares e patrimoniais. Fala do desejo sexual sem prudência com a moral, exigida à época.</div>
<div style="text-align: justify;">
O titulo do livro, o eterno marido, refere-se à citação usual feita a homens que toleram traição das esposas. Jorge Amado, possivelmente, o titularia como “o corno manso”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, a abordagem deixa a indagação sobre a possibilidade da união entre pessoas capazes de suportar/atrair parceiros que resistem as características típicas deste padrão de relacionamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Crime e Castigo, Irmãos Karamázov, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, Noites Brancas, O Crocodilo, Uma história lamentável, O Duplo, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo. () </span></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<b><span style="font-size: x-small;">Referência bibliográfica</span></b><br />
<span style="font-size: x-small;">Dostoiévski, Fiódor, 1821-1881.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">O eterno marido / Fiódor Dostoiéviski; tradução, posfácio e notas de Boris Schnaiderman. 2. São Paulo: Ed. 34, 2003.</span><br />
<span style="font-size: x-small;">116 p. (Coleção Leste)</span><br />
<span style="font-size: x-small;">ISBN 978-85-7326-283-4</span><br />
<span style="font-size: x-small;">Tradução de Viétchnii Muj</span><br />
<span style="font-size: x-small;">1. Literatura russa. I. Schnaiderman, Boris. II. Título. III. Série.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-25402152065663457952012-08-13T12:30:00.001-03:002012-08-14T15:22:09.108-03:00O homem revoltado – Albert Camus<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilrCwXyoTdy_vnB1j2Wyex27FjVRA_D_7wUqa97FQHj3Gl8eGzNSCvWWGFe_4hCg2T_rUUrFLFmtMvw7q4JVT-i_V7sSXIjarhBWXsNs7GvQ8Umxi13Q9xy5Q74YEPctl90zSHKUtDbsRl/s1600/o+homem+revoltado+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilrCwXyoTdy_vnB1j2Wyex27FjVRA_D_7wUqa97FQHj3Gl8eGzNSCvWWGFe_4hCg2T_rUUrFLFmtMvw7q4JVT-i_V7sSXIjarhBWXsNs7GvQ8Umxi13Q9xy5Q74YEPctl90zSHKUtDbsRl/s200/o+homem+revoltado+3.jpg" width="108" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">A leitura do texto requer paciência do leitor para não se apoquentar devido à sua complexidade. Traz a história filosófica sobre a revolta do homem e faz referências a importantes pensadores, quando menciona o niilismo, o surrealismo e o existencialismo. André Breton, Pierre Naville, Sade, Nietzsche e Dostoiévski são citados em várias oportunidades e o leitor precisa ter, pelo menos, noção do que cada um pensava a respeito das crenças e necessidades sociais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">O escrito tangencia um ensaio literário a respeito da revolta do homem e traz reflexões sobre propostas políticas e sociais ocorridas nos últimos anos. Possivelmente, por isso, os questionamentos de Albert Camus, que contestam teorias da época, não tenham sido aceitos por alguns pensadores franceses encabeçados pelo filósofo Jean-Paul Sartre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Camus, afirma que a revolução e o amor são incompatíveis: <i><b>“A revolução consiste em amar um homem que ainda não existe. Mas aquele que ama um ser vivo, se realmente o ama, ele só aceita morrer por ele.”</b></i> Cita que o homem revoltado se contrapõe à ordem de quem o oprime e reage quando sente que não deve ser oprimido além do que pode admitir. Entende que a revolta não nasce, única e obrigatoriamente entre os oprimidos, pode também surgir do espetáculo da opressão. Neste caso, o revoltado se identifica com o outro indivíduo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Cita que <i><b>“Não se pode dar uma coerência ao assassinato, se a recusamos ao suicídio. A mente imbuída da idéia de absurdo admite, sem dúvida, o crime por fatalidade; mas não saberia aceitar o crime por raciocínio. Diante do confronto, assassinato e suicídio são a mesma coisa: ou se aceitam ambos ou se rejeitam ambos.”</b></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Diz que <i><b>“A revolta clama, ela exige, ela quer que o escândalo termine e que se fixe finalmente aquilo que até então se escrevia sem trégua sobre o mar. Sua preocupação é transformar. Mas transformar é agir, e agir, amanhã, será matar, enquanto ela ainda não sabe se matar é legítimo. Ela engendra justamente as ações cuja legitimação lhe pedimos. É preciso, portanto, que a revolta tire as suas razões de si mesma, já que não consegue tirá-las de mais nada. É preciso que ela consinta em examinar-se para aprender a conduzir-se.” </b></i>E que:<i><b> “Na nossa posição diária, a revolta desempenha o nosso papel que o cogito na ordem do pensamento: ela é a primeira evidência. Mas essa evidência tira o indivíduo de sua solidão. Ela é um território comum que fundamenta o primeiro valor dos homens. Eu me revolto, logo existimos.”</b></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Afirma que<i><b> “Para combater o mal, o revoltado, já que se julga inocente, renuncia ao bem e gera novamente o mal.”</b></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">O texto é riquíssimo em questionamentos e possibilita tirar conclusões sobre muito do que se propagou a respeito das revoluções sociais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> - Albert Camus, foi escritor e filósofo, nasceu na Argélia e viveu sob o signo da guerra, da fome e da miséria. Morreu em acidente de carro em 1960. Juntamente com Jean-Paul Sartre foi um dos principais representantes do existencialismo francês. Camus afirma que as pessoas procuram incessantemente o sentido da existência numa vida que carece de sentido e na qual só é possível ganhar a liberdade e a felicidade com a rebelião. Escreveu O Mito de Sísifo (1942), O Estrangeiro (1942), A Peste (1947), O Estado de Sítio (1948), Os Justos (1949), O Homem Revoltado (1951). Foi-lhe atribuído o Prêmio Nobel da Literatura em 1957.</span></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><span style="font-size: x-small;"><br /><br /><b>Referência bibliográfica</b><br />Camus, Albert, 1913-1960<br />O homem revoltado / Albert Camus; tradução de Valerie Rumjanek.- 8ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2009.<br />210p.<br />Tradução de: L’homme révolté</span></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-40936596876490718012012-07-16T16:14:00.000-03:002012-08-13T12:40:56.012-03:00O Hipnotista – Lars Kepler<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ2UfPFyLvUKbi_fbarckDjPNkcYYNHHQYN0dtHnfmDjRpT5RhyphenhyphenmHsRVZToIA2yE9MVZ1MyGPKihbSmnrSwnP_uTct2Kh3rMB5slvdi9XypEocLrl0YgVw5604FkYdVLuxaGbjTIhNiKfL/s1600/o_hipnotista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ2UfPFyLvUKbi_fbarckDjPNkcYYNHHQYN0dtHnfmDjRpT5RhyphenhyphenmHsRVZToIA2yE9MVZ1MyGPKihbSmnrSwnP_uTct2Kh3rMB5slvdi9XypEocLrl0YgVw5604FkYdVLuxaGbjTIhNiKfL/s200/o_hipnotista.jpg" width="131" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A história é marcada por datas e turnos das ocorrências dos fatos que envolvem profissionais médicos, policiais, famílias e pessoas inocentes, todas elas vítimas do descontrole mental de pessoas padecidas por histórias perversas, que apesar dispostas a alterarem o curso da vida são induzidas, por visão distorcida, à prática de crimes na busca de culpados. </div>
<div style="text-align: justify;">
A vingança aparece como forma de punição e purificação da distorção mental em um contexto difícil e abstrato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os protagonistas são submetidos a situações de impotência frente ao desconhecido e, muitas vezes, renunciam relações pessoais por suspeitas infundadas e ou fatos decorrentes da necessidade de atenção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Independente das queixas e repulsas, os envolvidos, levados pelo objetivo mais forte do resgate do filho Benjamim, terminam se perdoando e reconhecem que ações e atitudes, próprias dos humanos, são fruto de carências e expectativas criadas em relação ao outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto é escrito em linguagem direta e de fácil compreensão. Mantém o leitor atento do início ao fim da história. </div>
<br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Lars Kepler é o pseudônimo do casal sueco de Alexandre Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril. Escreveu O Hipnotista e O Executor. Alexandre escreveu outros romances publicados sobre o seu próprio nome.<br /><br /><b>Referência bibliográfica</b><br />Kleper, Lars<br />O hipnotista /Lars Kleper; tradução de Alexandre Martins. – Rio de janeiro : Intrínseca, 2011.<br />480p.; 123cm. <br />Tradução de: The hypnotist.<br />ISBN 978-85-8057- 091-5<br />1. Ficção sueca. I. Martins, Alexandre. II. Título.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-22948100730280880302012-06-25T11:14:00.000-03:002012-06-27T10:54:49.457-03:00A Morte de Ivan Ilitch - Leon Tolstói<div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcCBxhFbnsdfZgot0eMqFjyLpco72ZKHhJsLj9ghuIFk3Cs18yh2LsYGOqQrlOsrcipVq6pXXK34XuWFqrc0CVhnRVH9IMC5NVyDdgZZK1lynt6dHYj2GV3bhm5wBX_T72VE7wc3t4H5Is/s1600/a-morte-de-ivan-ilitch.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcCBxhFbnsdfZgot0eMqFjyLpco72ZKHhJsLj9ghuIFk3Cs18yh2LsYGOqQrlOsrcipVq6pXXK34XuWFqrc0CVhnRVH9IMC5NVyDdgZZK1lynt6dHYj2GV3bhm5wBX_T72VE7wc3t4H5Is/s200/a-morte-de-ivan-ilitch.jpg" width="134" /></a></div>
O texto aborda questionamentos sobre o sentido da vida e a busca do entendimento a respeito da fase que a maioria dos humanos rechaça: a morte. A futilidade, a intolerância, o zelo moral e a busca desmedida do reconhecimento e valorização profissional são questionados no momento que o homem se depara com o sentimento de finitude e a real proximidade da morte. Por ser único e diferente para cada ser humano, o processo da morte não abarca experiências pessoais que possam servir de subsídio para o entendimento do fato.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Ivan Ilitch, personagem escolhido por Tolstói para retratar a fase final da vida, busca entender o porquê do sofrimento exacerbado e duradouro que antecede à morte, experimentado por algumas pessoas enquanto outras passam por processos rápidos e menos sofridos. Há causas que determinem o sofrimento ou a sutileza? A escolha do caminho a ser trilhado pelo homem é decisiva para os acontecimentos que antecedem ao fim? É possível nos preparar para minimizar os efeitos do sofrimento ou seremos, sempre, pegos de surpresa? Ignorar é uma escolha para fugir da realidade finita ou ela se presta como esperança para postergação à prova final da vida? O sofrimento se apresenta como um acerto de contas contrapondo-se à futilidade escolhida pelo homem ou ele, o sofrimento, oferece oportunidade para a liberação das amarras que o cercam durante a sua existência?</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O protagonista se depara com uma realidade entediante: viveu em busca de valores que não ajudaram a suportar os momentos que antecederam à morte e não consegue identificar nada que pudesse auxiliá-lo a concluir como seria a vida que devesse ter experimentado. A angústia por esta busca cresce, a cada momento, que se aproxima da morte. Ivan Ilitch considera a esposa e a filha com estorvos capazes de impedirem uma visão realista do processo e passa a se sentir mais confortável na companhia de um servo, que se dedica ao patrão sem pedir nada em troca.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O texto, irretocável e riquíssimo em questionamentos, é um intenso depoimento da perspectiva da morte e envolve sentimentos de perda e, ao mesmo tempo, de libertação ao tomar consciência dos apegos equivocados.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Leon Nikolaievitch Tolstói é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e idéias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza. Foi um dos grandes da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, A Morte de Ivan Ilitch e Anna Karenina. Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples. () </span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<span style="font-size: x-small;"><b>Referência bibliográfica</b></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Tostói, Leon, gráf.. 1828-1910</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">A Morte de Ivan Ilitch/ Leon Nikolaievitch Tostói; tradução Vera Karam. - Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">122p.; 18 cm. - (Coleção L&PM POCKET; v.16)</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">ISBN 978-85-254- 0600-2</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">1. Ficção russa - novelas. I. Título. II. Série</span></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-4846287630323963522012-05-31T20:04:00.000-03:002012-06-10T09:33:50.913-03:00Os Irmãos Karamázov – Fiódor Dostoiévski<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKm-VO969DF4l9J2z4eBFIkqY6egwuRVu5NPOOcJO_g7ge_ARfw6uoyVmfPzVDcBjdROwPRb8byu1j-fKlzscZonkkQWzXfgwer-TzNMWjDCYesidnmnobF6HKBG7QzRjxxMNTmRqSE968/s1600/irm%C3%A3os+K.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKm-VO969DF4l9J2z4eBFIkqY6egwuRVu5NPOOcJO_g7ge_ARfw6uoyVmfPzVDcBjdROwPRb8byu1j-fKlzscZonkkQWzXfgwer-TzNMWjDCYesidnmnobF6HKBG7QzRjxxMNTmRqSE968/s200/irm%C3%A3os+K.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A história tem como pano de fundo uma cidade
na Rússia e aborda os conflitos entre quatro irmãos, filhos de três mulheres, e
o avarento e depravado pai, detentor de uma fortuna proveniente dos dotes de suas
duas esposas, Adelaída e Sófia.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Fiódor Pavlovitch Karamázov, pai de Dmitri, Ivan, Alieksêi
e do bastardo Pável, era um homem egoísta,
sem princípios éticos e morais, contudo, detentor de recursos que o permitia
exercer poder e acessibilidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Dimitri, único filho de Karamázov
com Adelaída, criado por um primo de sua mãe, requereu a sua parte na herança e,
logo, os conflitos entre ele e o pai começaram. Em consequência da disputa pelo
dinheiro, Dimitri conhece a jovem Grúchenka, amante do pai, e se apaixona por
ela. Termina o noivado com a rica Catierina e resolve disputar, com o pai, o
amor da sua amante.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ivan e Alieksêi, filhos de Karamázov
com Sófia, sua segunda esposas, falecida prematuramente, tentaram negociar um
acordo com o pai, com a intermediação do respeitado monge Zossima, objetivando
convencê-lo a pagar o que lhes eram devidos, contudo, a intransigência do velho
terminou por contrariar os interesses dos herdeiros.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Alieksêi, que tinha uma vida simples no mosteiro e era discípulo dos
ensinamentos de Zossima, buscou minimizar os efeitos dos conflitos e descontentamentos,
não só em relação à parte financeira, mas, também, às atitudes pessoais e relacionamentos
amorosos dos irmãos Dimitri e Ivan.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Pável, por sua vez, filho bastardo de Karamázov e da demente perambulante Lizavieta, foi parido no
jardim da casa do depravado pai e
devido à morte da mãe terminou sendo adotado
pelo casal Grigori e Marfa, empregados do velho malquisto. Devido à adoção, acabou
como serviçal na casa do próprio pai e teve a oportunidade de conhecer os
irmãos, analisar suas personalidades e arquitetar um crime que envolveu todos
eles.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O autor caracteriza Dimitri como um homem debochado
e impulsivo; Ivan como um filósofo e intelectual questionador; Alieksêi com elevada
capacidade de percepção e exacerbada habilidade de relacionamento; e, Pável
como discreto, invejoso, dissimulado e estrategista vingativo.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O texto se destaca pela capacidade do autor em
discorrer, de forma ficcional, assuntos familiares que contrapõem interesses
pessoais e abalam as relações humanas. A história escancara de forma perversa o
comportamento humano e deixa para o leitor a responsabilidade da analise e
avaliação dos variados tipos de comportamentos, personalidades e crenças.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Trata-se de uma obra aberta, onde os
personagens são caracterizados de forma precisa, sem perder a linguagem própria,
característica do nível social e do contexto que cada um se insere, já que os
irmãos Karamásov tiveram, apenas, o pai como ponto de confluência. No demais,
devido à ausência de um ambiente familiar acolhedor, o destino proporcionou a
cada um dos filhos experiências discrepantes: formação intelectual, construção da
personalidade, e acessibilidade social. As diferenças retratadas em cada
personagem enriquecem a trama arquitetada para o autor alcançar o seu pleno objetivo. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Dostoiévski nos brinda com questionamentos que
incomodam o conforto mental. Expõe cada personagem ao extremo da ética e da moral:
<b><i>“Não existe nada mais sedutor para o homem que sua liberdade de consciência,
mas tampouco existe nada mais angustiante.”</i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os Irmãos Karamázov é considerada, por muitos
estudiosos, uma obra-prima da literatura russa. Trata-se do último romance
escrito pelo autor. Segundo comenta-se, apesar das suas novecentos e noventa e
nove páginas, é uma obra inacabada. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">Informações
sobre o autor </span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">– Fiódor
Mikhailovitch Dostoiévski, nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e
estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento
com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por
um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de
Irmãos Karamázov, Crime e castigo, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno
Marido, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante
romancista russo.<b> </b></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">Referência
bibliográfica</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">Dostoiéviski,
Fiódor, 1821-1881. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">Os Irmãos
Karamázov / Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski;</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">tradução,
posfácio e notas de Paulo Bezerra; desenhos de Ulysses Bôscolo. - São Paulo: Ed.
34, 2008. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">Título
original: Brátya Karamázovy.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">ISBN 978-85-7326-411-1.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"> <br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">999p. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 7.5pt;">1.Ficção
russa. I. Bezerra, Paulo. II. Bôscolo, Ulysses. III. Título. IV. Série.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-27124125525091141742012-03-11T13:26:00.012-03:002014-07-21T15:29:16.772-03:00O Mito de Sísifo – Albert Camus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHXZBDqmdKvOMfFwDSOSC1tZGy8KCB6cIoRK0qcTWHYXr9HIvBYbJ95gGFH2H0i6-CIsTR_cQtdDXk9U1cGP_QfA_AMELMJhzoJ1mlJFa8b162csEpEAnlXihXzYJDLEsEnrjfUFAYd_Yg/s1600/o+mito+de+s%C3%ADsifo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHXZBDqmdKvOMfFwDSOSC1tZGy8KCB6cIoRK0qcTWHYXr9HIvBYbJ95gGFH2H0i6-CIsTR_cQtdDXk9U1cGP_QfA_AMELMJhzoJ1mlJFa8b162csEpEAnlXihXzYJDLEsEnrjfUFAYd_Yg/s200/o+mito+de+s%C3%ADsifo.jpg" height="200" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Camus utilizou-se de Sísifo, personagem da mitologia grega, para centralizar questionamentos filosóficos na busca da percepção da vida e o determinismo de responsabilidade das ações que possam nortear o caminhar do homem no sentido metafísico e nas relações interpessoais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Sísifo age de forma talentosa e consegue amenizar a fúria de Zeus, rei dos deuses, quando ordenou Tânatus, deus da morte, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Ele elogia a sua beleza e obtém a concordância de Tânatus para colocar um colar em seu pescoço, com o qual manteve a morte aprisionada. Hades, que governava o mundo subterrâneo dos mortos, se uniu a Ares, deus das guerras, e fisgou Sísifo, que antes de se afastar da mulher pediu a ela que não o enterrasse após sua morte. Tão logo se viu no inferno, conseguiu a concordância de Hades para retornar e se vingar da atitude da esposa. Desta forma Sísifo retomou o seu corpo e fugiu. Devido à habilidade de Sísifo, a morte só lhe alcançou na velhice. Insatisfeitos, os deuses o condenaram, por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra de mármore até o cume de uma montanha e, sempre que chegava próximo ao topo uma força poderosa a rolava de volta até o ponto de partida. Assim, segundo a mitologia grega, a humanidade ficou sabendo não ter a mesma liberdade divina. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Ao se referir ao raciocínio absurdo, Albert Camus, fala da construção da vida sobre o amparo da esperança. Quanto mais se espera o amanhã mais próximo estamos da morte e conclui que o mundo cruel é estranho. </span><span style="font-size: small;"><b><i>“Mas vejo, em contrapartida, que muitas pessoas morrem porque consideram que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outros que, paradoxalmente, deixam-se matar pelas idéias ou ilusões que lhes dão uma razão de viver (o que se denomina razão de viver é ao mesmo tempo uma excelente razão de morrer).” </i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Cita, ainda:</span><span style="font-size: small;"><b><i> “Matar-se, em certo sentido, é como no melodrama, é confessar. Confessar que fomos superados pela vida ou que não a entendemos.”</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Diz, mais: </span><span style="font-size: small;"><b><i>“Viver sob este céu sufocante nos obriga a sair ou ficar. A questão é saber como se sai, no primeiro caso, e por que ficar, no segundo. Defino assim o problema do suicídio e o interesse que se pode atribuir às conclusões da filosofia existencial.”</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Conclui, sobre o raciocínio absurdo: </span><span style="font-size: small;"><b><i>“Pensar é reaprender a ver, dirigir a própria consciência, fazer de cada imagem um lugar privilegiado. (...) Se eu me convencer que esta vida tem como única face a do absurdo, se eu sentir que todo o seu equilíbrio reside na perpétua oposição entre minha revolta consciente e a obscuridade em que a vida se debate, se eu admitir que minha liberdade só tem sentido em relação ao seu destino limitado, devo então reconhecer que o que importa não é viver melhor, e sim viver mais.”</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Albert Camus aborda as questões do homem absurdo (aquele que não se separa do tempo) referindo-se ao amor, o ator e o conquistador. Em relação ao amor cita o personagem Don Juan lembrando que quanto mais se ama mais se concretiza o absurdo. A representação teatral oferece ao homem absurdo a possibilidade de ver além de si mesmo, contudo, não o impõe mudança que possa lhe submeter qualquer angústia. Sobre as conquistas interpreta como uma escolha do homem em prejuízo da contemplação, como algo necessário a mantê-lo atuante, apesar da percepção que um dia terá que cessar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O autor aborda a arte como alternativa para expressar o mundo inexplicável. Cita Dostoiévski, Kafka, Malraux, Balzac e Sade como romancistas capazes de explorar o suicídio filosófico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Faz analogia ao trabalho repetitivo, dos dias atuais, à tarefa determinada a Sísifo, pelos deuses. Intui que a busca do homem pelo cotidiano o afasta da tomada de consciência da vida, impondo-se à mediocridade mental conformista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O Mito de Sísifo é um texto questionador, não só pelas características do ensaio literário, mas, também, pela abordagem filosófica que adiciona incômodo reflexivo diante de um cotidiano e valores morais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> - Albert Camus, foi escritor e filósofo, nasceu na Argélia e viveu sob o signo da guerra, da fome e da miséria. Morreu em acidente de carro em 1960. Juntamente com Jean-Paul Sartre foi um dos principais representantes do existencialismo francês. Camus afirma que as pessoas procuram incessantemente o sentido da existência numa vida que carece de sentido e na qual só é possível ganhar a liberdade e a felicidade com a rebelião. Escreveu O Mito de Sísifo (1942), O Estrangeiro (1942), A Peste (1947), O Estado de Sítio (1948), Os Justos (1949). Foi-lhe atribuído o Prêmio Nobel da Literatura em 1957.</span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Camus, Albert, 1913-1960<br />
O mito de Sísifo / Albert Camus; tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. – Rio de Janeiro: Record, 2010.<br />
138p.<br />
Tradução de: Le mythe de Sisyphe<br />
ISBN 987-85-7799-269-0<br />
Ensaio francês. I. Roitman, Ari. II. Watch, Paulina. III. Título</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-8616911782122767342012-02-22T20:46:00.010-02:002012-07-06T10:58:22.910-03:00Levantado do chão - José Saramago<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQl7uord5FFolYEAS8DoZOp1MAFmbqoH8d3yJQCADoegj3uiC4tB9D35oNUHObf1bZQ7otPUCiajhLYYKBKUhS6zxOAHMqJ5jBdR24QmqHyf-3mpWH-YVl_x6PE_mmVPEKiXLyYcOVBdl6/s1600/levantando+do+ch%C3%A3o.+jose+saramago.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQl7uord5FFolYEAS8DoZOp1MAFmbqoH8d3yJQCADoegj3uiC4tB9D35oNUHObf1bZQ7otPUCiajhLYYKBKUhS6zxOAHMqJ5jBdR24QmqHyf-3mpWH-YVl_x6PE_mmVPEKiXLyYcOVBdl6/s200/levantando+do+ch%C3%A3o.+jose+saramago.jpg" width="130" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A saga, de três gerações, da família Mau-Tempo é retratada em paralelo com os acontecimentos políticos ocorridos em Portugal. O sapateiro Domingos e a sua esposa Sara Conceição representam a primeira geração, escolhida pelo autor para caracterizar o sofrimento e a tolerância passiva de uma política social repressora, imposta em benefício dos latifundiários.</div>
<div style="text-align: justify;">
A segunda geração, representada por João Mau-Tempo, toma consciência que a transformação política depende de questionamentos que leve à valorização do trabalho. Esta mudança de atitude resultou em afrontamento aos proprietários rurais, que recebiam a complacência da igreja.<br />
A terceira geração, liderada por Manuel Espada, casado com a filha de João Mau-Tempo, agiu de forma contundente contra a aceitação das políticas impostas ao povo. Os opositores ao sistema se depararam com a repressão.<br />
<br />
Saramago utiliza-se de um cenário rural, na região do Alentejo, para romanescar a luta dos portugueses em busca de transformações políticas. As influências das guerras, do regime totalitário salazarista e da Revolução dos Cravos são tomadas como referências, não literais, para discorrer sobre os reflexos na vida da população carente. <br />
<br />
Refere-se ao desemprego: <span style="font-size: small;"><b><i>“E há o desemprego, primeiro os mais moços, depois as mulheres, por fim os homens. Vão caravanas pelos caminhos à procura de um salário miserável. Não se vêem nestas alturas feitores nem capatazes nem manajeiros, muito menos se veriam patrões, todos fechados em suas casas, ou longe na capital e noutros resguardos. A terra é só crosta seca ou lamaçal, não importa. Cozem-se ervas, vive-se disso, e os olhos ardem, o estômago faz tambor, e vêm as longas, dolorosas diarréias, o abandono do corpo que se desfaz de si próprio, fétido, canga insuportável. Apetece morrer, e há quem morra.”</i></b></span><br />
Sobre o despertar da mudança, o autor cita: <span style="font-size: small;"><i>“<b>(...) o tempo verdadeiro dos homens e o que neles é mudança não se rege por vir o sol ou ir a lua, coisas que afinal só fazem parte da paisagem, (...) Às vezes requer-se uma impaciência dos corpos, senão um exaspero, para que as almas enfim se movam (...)</b></i></span><br />
E, sobre os efeitos das ações repressoras:<span style="font-size: small;"> </span><span style="font-size: x-small;"><b><span style="font-size: small;"><i>“Não se trata os homem como nós temos sido tratados, depois falaremos, os ares ficaram enturvecidos depois destas prisões, deixa passar o tempo até que tudo se componha, isto é como uma rede de pesca, leva mais tempo a consertar do que a romper, e Manuel Espada rematou assim, Espero o tempo que for preciso.”</i></span><br />
</b></span><br />
Em Levantado do Chão, o autor oferece ao leitor um romance político social, com versatilidade ensaística e linguagem característica do meio rural, entremeda por citações filosóficas que permitem vivenciar metaforicamente as agruras dos que, ainda hoje, vivem em situações parecidas às relatadas no texto escrito em 1980.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> - José Saramago nasceu em 1922 em Azínhaga, Golegã, Portugal e morreu em 2010 na Província de Las Palmas, Canárias, Espanha. Filho de agricultores foi serralheiro, desenhista, funcionário público, tradutor e jornalista. Tornou-se conhecido internacionalmente com o romance Memorial do Convento. Recebeu o Prêmio Camões em 1995 e o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Viveu entre Lisboa e a aldeia de Lanzarote, nas Canárias. Escreveu Terra do Pecado, Manual de Pintura e Caligrafia, Levantado do Chão, Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, A jangada de Pedra, História do Cerco de Lisboa, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Ensaio Sobre a Cegueira, Todos os Nomes, A Caverna, O Homem Duplicado, Ensaio sobre a Lucidez, As Intermitências da Motre, A Viagem do Elefante, Caim, Claraboia, dentre outros trabalhos.</span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Saramago, José, 1922 -2010<br />
Levantado do chão / José Saramago. 15ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.<br />
368p.<br />
ISBN 978-85-286-0063-6<br />
1. Romance português. I. Título.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-77336378631767488692012-01-26T19:47:00.005-02:002012-01-27T08:40:47.545-02:00Precisamos falar sobre o Kevin – Lionel Shriver<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0b_AzPesBzyCS2X1neZV0YuV5SI73bdpLT0N_4ULcudfVrbna8BldkFzlsYRrBGPR_qOtciL-vAxw-NRvWvQYrBUG8hWFr-6tJdWcoQWXea7XIdANAQyKnrDA7Pk6XMKPTUm0MK6c155r/s1600/precisamos-falar-sobre-o-kevin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0b_AzPesBzyCS2X1neZV0YuV5SI73bdpLT0N_4ULcudfVrbna8BldkFzlsYRrBGPR_qOtciL-vAxw-NRvWvQYrBUG8hWFr-6tJdWcoQWXea7XIdANAQyKnrDA7Pk6XMKPTUm0MK6c155r/s200/precisamos-falar-sobre-o-kevin.jpg" width="139" /></a></div><div style="text-align: justify;">Eva, mãe de Kevin, escreve várias cartas a Franklin, seu esposo, relembrando os fatos que possam ter sido determinante para justificar o comportamento esquisito do filho, que resultou na chacina de sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um colégio de Nova York.<br />
A notícia sobre a gravidez e as recomendações para alteração dos hábitos alimentares incomodou a mãe de Kevin, não só em relação à mobilidade profissional, mas, também, quanto à mudança de foco. Afinal, Eva não se sentia preparada para alterar seus hábitos no relacionamento que tinha com fotógrafo Franklin. Kevin, veio ao mundo muito mais para satisfazer ao desejo do pai do que para contribuir na formação de uma estrutura familiar. <br />
O parto sem anestesia, aos 37 anos, foi associado à derrota devido às limitações físicas e ao sofrimento. O bebê chegava ao momento de sair da barriga e Eva o trazia de volta para evitar a dor.<br />
Kevin emite sinais de anormalidade. Em muitas ocasiões eram observadas pela mãe que não obtinha a atenção devida do pai, que considerava a maioria dos acontecimentos normais, próprios de crianças e adolescentes.<br />
Eva cansou de tentar chamar a atenção do marido para o comportamento inadequado do filho e decide compensar o sentimento de insatisfação diante do fracasso, deixando-se engravidar. Desta feita, nasce Celia, tímida, insegura e amável. É ignorada pelo pai e se torna vítima das travessuras do irmão.<br />
<br />
O livro evidencia a ausência de atitude, passividade e tolerância excessiva dos pais para com o comportamento dos filhos, que podem levar a distorção de personalidade.<br />
<i><b><span style="font-size: x-small;">“Quando se é pai, ou mãe, não importa qual seja o acidente, não importa a que distância você se encontra e o quão pouco possa evitar, a desdita sempre vai parecer culpa sua. Você é tudo que seus filhos têm, e a convicção deles de que você saberá protegê-los é contagiosa.” </span></b></i><br />
<br />
A história é enriquecida nas duas últimas cartas escritas por Eva. Nelas algumas surpresas são reveladas.<br />
Apesar da intensidade sórdida dos atos praticados, o texto induz ao leitor acompanhar a angustia da mãe, cujo filho arquitetou atos abomináveis que levaram aos assassinatos e à destruição da família.<br />
<br />
Ao ver a fotografia que ilustra a capa do livro, Vicente, meu neto de dois anos, apontou para o livro e disse: “<i>- gato malo!</i>” Ele tem razão, Kevin é um <i>gato malo!</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Lionel Shriver nasceu com o nome de Margaret Ann Shriver em 1957, na Carolina do Norte, Estados Unidos, e mudou de nome aos 15 anos. Formada e pós-graduada pela Universidade de Columbia, viveu em Nairóbi, Bangcoc e Belfast. Precisamos falar sobre o Kevin ganhou o prêmio Orange, na Grã-Bretanha, em 2005. Sétimo romance da autora que escreveu <i>The Female of the Species; Checker and the Derailleurs; Ordinary Decent Criminals; Game Control; A Perfectly Good Family; e The Post-Birthday.</i></span></div><span style="font-size: xx-small;"><br />
<b>Referências bibliográficas </b><br />
Shriver, Lionel, 1957 -<br />
Precisamos falar sobre o Kevin / Lionel Shriver; tradução de Beth Vieira e Vera Ribeiro. – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2007.<br />
454p<br />
Título original: We Need to Talk Abaut Kevin.<br />
ISBN 978-85-98078-26-7<br />
1.Adolescentes (Meninos) – Ficção. 2. Ensaio secundário – Ficção. 3. Massacre – Ficção. 4. Romance americano - I. Vieira, Beth. II. Ribeiro, Vera. III. Título.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-74481613809487882482011-12-31T11:47:00.007-02:002011-12-31T16:38:28.536-02:00A Marca Humana – Philip Milton Roth<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiFRcDekmPSKZYa98dj3sNKbpUBHlapE2Rj9VARVXItoFh6UPnzf-cOR-tGMgGT5whbsRGMQLYONqNiYYe15vpOEgYrwSP-7-Q7TjwV1m5hmNq4ifMwxxjJAhgVkyAUL6c3EW_bZhOnJ1o/s1600/A+Marca+Humana.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiFRcDekmPSKZYa98dj3sNKbpUBHlapE2Rj9VARVXItoFh6UPnzf-cOR-tGMgGT5whbsRGMQLYONqNiYYe15vpOEgYrwSP-7-Q7TjwV1m5hmNq4ifMwxxjJAhgVkyAUL6c3EW_bZhOnJ1o/s1600/A+Marca+Humana.jpg" /></a>Um decano da Faculdade de Athenas, nos Estados Unidos, depois de dedicar a sua vida ao ensino, é acusado de racismo por se referir a dois alunos, que nunca apareceram na classe, como <i>spooks</i>. </div><div style="text-align: justify;">A história deste professor de setenta e dois anos teria sido diferente se os alunos citados não fossem negros. </div><div style="text-align: justify;">Coleman Silk é pressionado, inclusive por outros professores, e resolve pedir desligamento da faculdade. </div><div style="text-align: justify;">Após a morte da esposa, o decano pede ao seu vizinho Nathan Zuckerman, para escrever a sua história e este decide narrar os acontecimentos e suposições dos fatos.</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, o professor era filho de pais negros, apesar de possuir características fenotípicas de individuo branco. Ao ser discriminado por uma namorada branca, que o rechaçou após conhecer a sua família negra, Silk decide se passar por um judeu branco, sem antepassados e irmãos. </div><div style="text-align: justify;">À sua esposa judia, Iris, segunda namorada banca, nunca foi revelada a sua verdadeira origem, tampouco aos seus quatro filhos que herdaram características parecidas às da mãe.</div><div style="text-align: justify;">Após a morte da sua esposa, vitimada devido às injustiças feitas ao marido, Coleman Silk se aproxima de uma jovem faxineira esposa de um ex-combatente na guerra do Vietnã, que se diz analfabeta. Este novo relacionamento impõe a quebra de paradigmas morais e sociais, não aceitos por colegas e filhos do protagonista.</div><div style="text-align: justify;">A intolerância social imposta ao decano devido ao novo relacionamento com a jovem faxineira, que lhe devolveu o prazer de viver, o afastou ainda mais do convívio com os filhos e ex-colegas, e, de presente, ganhou a oposição ferrenha de Les Ferley, ex-marido de Faunia Farley, sua amante. </div><div style="text-align: justify;">Les Ferley, por sua vez, não consegue perdoar a ex-esposa pela morte dos filhos e tenta, a todo custo, esquecer-se dos fatos ocorridos nos combates no Vietnã. Persegue Coleman e Faunia e termina como suspeito da morte dos dois.</div><div style="text-align: justify;">O escritor convidado a contar a história tende a compreender os motivos que levaram o protagonista a se passar por branco, porém, ao conhecer seu opositor Les Ferley, enquanto investigava o acidente que vitimou Coleman e Faunia, passa a entender os motivos para o sofrimento e revolta do ex-combatente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A infeliz Delphine Roux, também professora da universidade, decide infernizar a vida de Coleman, ao que parece por desprezo do mesmo em relação aos seus sentimentos amorosos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O texto, rico em conteúdo, agrega criticas contundentes ao governo americano quanto à decisão de gastar uma fortuna para combater o regime comunista vietnamita, submetendo soldados a situações vexatórias, enquanto dirigente político é denunciado por ter relações sexuais, em pleno expediente, com estagiária na Casa Branca. Não bastassem as divergências morais, a crítica impera sobre a demora da sociedade americana em reparar os erros referentes à discriminação racial.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Coleman e Les Ferley são colocados como personagens centrais de uma história, escrita por Philip Roth, de forma que o leitor possa incorporá-los em momentos diferenciados, sem, contudo, chegar a nenhuma conclusão prática, devido ao contexto social em que eles são atirados. Philip Roth escancara a Marca Humana como uma pecha a ser extirpada da sociedade moderna e do mundo que defende direitos igualitários sem se preocupar em abolir a prática imperialista e preconceituosa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao findar o texto o leitor continua relendo, refletindo, remoendo, revendo, remetendo-se a fatos históricos de um mundo corrompido e individualista. Um mundo cujo discurso afinado impera contrapondo-se com a prática política avalizada por povos desinformados, subservientes e sem foco em ações que possam minorar o sofrimento causado pela discriminação racial, social e regional dos povos. </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Philip Milton Roth nasceu em 1933, Nova Jersey, Estados Unidos. Tem origem judia e é considerado um dos maiores escritores americanos da metade do século XX. Escreveu <i>Complô contra a América, O Complexo de Portnoy, Teatro de Sabath, O avesso da vida, Professor de desejo, Diário de uma ilusão, Casei com uma comunista, Pastoral Americana, A Mara Humana, O Animal Moribundo, O homem comum, Fantasma sai de cena, Indignação, </i>dentre outros. Muitas de suas obras tratam de aceitação e identidade dos judeus nos Estados Unidos e explora o desejo sexual e a autocompreensão.</span></div><span style="font-size: xx-small;"> <br />
<b>Referências bibliográficas </b><br />
Roth, Philip, 1933.<br />
A marca humana / Phiplip Hoth ; tradução de Paulo Henrique Britto. - São Paulo: Companhia das Letras, 2002.<br />
454p<br />
Título original: The Human Stain.<br />
ISBN 978-85-359-0198-6<br />
1.Romance norte-americano - I. Título</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-59790425055921017552011-12-15T13:17:00.000-02:002011-12-31T11:56:26.823-02:00O Nariz - Nicolai Vassilievitch Gogol<div style="text-align: justify;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikHvY2DNKj7cLR0qDSy8ux3fCvBEH53c6LEnTVitpsgPT3gu2vnzuSF2AfZ2MePFNnJekHMsOzpXhyphenhyphenhdTndljMGa-iywkJtEMwBmEKPuZ-iEgwkLSuvaVV5vYFAvOI157hTWZqRybXGyyR/s1600/o+nariz+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikHvY2DNKj7cLR0qDSy8ux3fCvBEH53c6LEnTVitpsgPT3gu2vnzuSF2AfZ2MePFNnJekHMsOzpXhyphenhyphenhdTndljMGa-iywkJtEMwBmEKPuZ-iEgwkLSuvaVV5vYFAvOI157hTWZqRybXGyyR/s200/o+nariz+4.jpg" width="123" /></a></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_zv29Yp1r_FozvEUqFdtPofZFichOz2yfb_ljPuKNW_lbGbTXExUwbsKIbUntew8AH7tUKd6YniSQD9PNzzD01-mg-ES8F7DNz4-PERl1Lto7D5UViT8IML5pi4jfo6QsWR51-exe6iKg/s1600/o+nariz+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a>A história fantasmagórica, escrita por Gogol, revela uma crítica ferrenha à sociedade de São Petersburgo, na Rússia.</div><div style="text-align: justify;">O nariz do major Kovaliov é encontrado pelo barbeiro Ivan Iákovlevich, dentro de um pão, durante o seu café da manhã, que, de pronto, o reconhece. Decidido a se desvencilhar do achado, para não ser incomodado por agentes da autoridade, saiu à rua carregando o tal apêndice e terminou sendo surpreendido em todas as tentativas que fez para depositá-lo em algum lugar. </div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso, ao acordar, o major percebe que o seu importante nariz não se encontrava no rosto e decide recorrer a vários meios para reavê-lo, tempo em que tenta identificar o responsável pela façanha.<br />
Diante da perplexidade que o episódio ensejou, a polícia se esquivou de iniciar um procedimento e a imprensa, por sua vez, decide não publicar um anuncio, encaminhado pelo major, acerca do detalhamento do nariz. </div><div style="text-align: justify;">Depois de flagrado o nariz em situações exorbitantes o major Kovaliov recorre a um médico para recolocá-lo no devido lugar e, para sua surpresa, é informado da impossibilidade.</div><div style="text-align: justify;">No dia seguinte, ao acordar, o nariz fujão reaparece, são e salvo, no rosto da autoridade e Gogol, com esta história hilária e surreal, debocha e cobra, do seu jeito, o respeito da sociedade pela condição humana.</div><span style="font-size: xx-small;"><br />
<b>Informações sobre o autor</b> – Nicolai Vassilievitch Gogol, nasceu na Ucrânia em 1809 e foi para São Petersburgo aos vinte anos. Considerado um dos mais importantes escritores russos, escreveu<i> Almas Mortas, O Capote, O Inspetor Geral, O Retrato, O Diário de um Louco</i>, dentre outros. Morreu em 21/02/1852. </span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-12516172608392557742011-11-06T12:50:00.012-02:002012-03-12T14:58:57.621-03:00A Costureira e o Cangaceiro – Frances de Pontes Peebles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzJgedgkCaa0rlk2o_3zE3S0DbzGuXT6ljsZikrxovN7KEftFOEvIFCbxYdjVsWSKeMxtrxfoLLtI1mywtn4BFMzaMUNslfPqBOlg3j9_2Sd06GG6Bi6M6nDsJZePwB8iwN347McHbLiI4/s1600/A+costureira+e+o+cangaceiro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzJgedgkCaa0rlk2o_3zE3S0DbzGuXT6ljsZikrxovN7KEftFOEvIFCbxYdjVsWSKeMxtrxfoLLtI1mywtn4BFMzaMUNslfPqBOlg3j9_2Sd06GG6Bi6M6nDsJZePwB8iwN347McHbLiI4/s200/A+costureira+e+o+cangaceiro.jpg" width="138" /></a></div><div style="text-align: justify;">A história conta a dificuldade das famílias que habitaram a caatinga nas margens do rio São Francisco, que divisa os estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco.<br />
Os leitores que conhecem a região são atraídos pela forma, precisa, de caracterizar o contexto, não só quanto aos fatos políticos e composição sociológica, mas, também, pelo detalhamento, não cansativo, do cenário que emoldura a trama.<br />
A narrativa nos remete à década de trinta, onde os movimentos políticos, liderados por Getúlio Vargas, se contrapõem com a magnitude climática, cuja seca dizima tudo e a todos, a chuva, faz renascer a esperança, provoca o rebroto da flora enquanto a fauna desperta da hibernação protetora. <br />
<br />
Duas irmãs, marcadas pelo sofrimento, decidem caminhar em sentidos opostos. Uma, na tentativa de se desvencilhar da subserviência caótica, arranja um relacionamento, nada comum à época, e se desloca para a cidade litorânea do Recife enquanto a outra ignora a esperança, se deixa raptar por um bando de cangaceiros.<br />
<br />
A história centrada nas dificuldades de pessoas nascidas em ambientes insalubres, desprovidos de conforto e submetidas às atrocidades dos coronéis latifundiários, margeia a conhecida saga de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, famoso cangaceiro decapitado na Grota do Angico, às margens do São Francisco, por tropa do governo.<br />
<br />
A Revolução de 1930 levou Getúlio Vargas ao poder e adentrou a caatinga com ações repressivas, com o intuito de exterminar os bandos de justiceiros do nordeste brasileiro, à época apoiados pela população carente e por coronéis, latifundiários, em troca de segurança.<br />
A seca castigava e a falta de condições mínimas para sobrevivência obrigou a população a migrar para as periferias das grandes cidades. Muitos dos que permaneceram na caatinga morreram de sede e fome, presos as origens, e grupos sem poder de decisão sobre suas vidas, diante da falta do mínimo necessário à sobrevivência, foram recebidos em campos de refugiados da seca, montados pelo governo, na tentativa de frear o êxodo rural.<br />
<br />
O texto percorre a saga do cangaço, matizada com histórias familiares que caracterizam os valores sociais à época. Bem escrito, apesar de extenso, transporta o leitor para uma reflexão dos aspectos regionais que continuam intrínsecos ao povo catingueiro. É só ir até a Grota do Angico para entender a dicotomia. <br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – A escritora, filha de mãe pernambucana e pai norte-americano, nasceu no Recife, Pernambuco. É formada em letras pela Universidade do Texas, em Austin, fez mestrado no Writers’ Workshop da Universidade de Iowa. Mora em Chicago, Illinois, e todo ano passa férias em seu sítio em Taquaritinga do Norte, Pernambuco. Ganhou os prêmios Friends of American Writers Award for Fiction e Elle Magazine’s Grand Prix 2008.</span></div><span style="font-size: x-small;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Peebles, Frances de Pontes<br />
A costureira e o cangaceiro / Frances de Pontes Peebles; Tradução de Maria Helena Rouanet.<br />
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.<br />
Tradução de: The seamstress.<br />
620p.<br />
ISBN 978-85-209-2168-5<br />
1. Romance americano. I. Rouanet, Maria Helena, 1950. II. Título.</span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-89266036980591020902011-08-28T13:37:00.035-03:002011-11-25T14:11:07.492-02:00Ninguém escreve ao Coronel – Gabriel García Márquez<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY2n2e0qnEc1OMbtwtbgeQTB80cgj9a4DGfliyf8dhMMMzAsXpKowDoTfz4vDlWzQ_o_cHhSc8WdVJ8r6-8zEGRjv_4OFhQH6Uw7umc94sirHHLxAqxjqzoOPPLY3e2TL16G-N2VJSTqpm/s1600/ningu%25C3%25A9m+escreve+ao+coronel.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY2n2e0qnEc1OMbtwtbgeQTB80cgj9a4DGfliyf8dhMMMzAsXpKowDoTfz4vDlWzQ_o_cHhSc8WdVJ8r6-8zEGRjv_4OFhQH6Uw7umc94sirHHLxAqxjqzoOPPLY3e2TL16G-N2VJSTqpm/s1600/ningu%25C3%25A9m+escreve+ao+coronel.jpg" /></a>Em reconhecimento aos serviços prestados à nação, o governo decidiu compensar os veteranos de guerra com uma pensão vitalícia. Devido à falta de verba para contemplar todos os veteranos, de uma só vez, elaborou uma relação com os nomes a serem beneficiados. </div><div style="text-align: justify;">O Coronel, protagonista do conto, residia em uma ilha com sua mulher e mantinha-se esperançoso, apesar de sua posição na lista ser a de número 1823. Ou seja, havia 1822 combatentes a serem atendidos antes dele. O governo não revelava quantas pensões já tinha sido concedida e este procedimento mantinha o Coronel esperançoso e convicto de que um dia seria comunicado da concessão. Todas as sextas-feiras a esperança era renovada, se dirigir ao cais do porto e aguardava a lancha que trazia o correio para a ilha, na expectativa de receber a carta com a notícia.</div><div style="text-align: justify;">Com o passar do tempo e o tardar da notícia, sem dinheiro, o Coronel começou a vender os objetos que havia na casa, dentre eles uma máquina de costura, herdada do filho, alfaiate.</div><div style="text-align: justify;">Restou ao Coronel um galo de briga, deixado pelo filho Agustin, assassinado pela polícia, e lhe foi oferecido 900 pesos pela ave, diante do bom desempenho no treino para a luta prevista para quarenta e cinco dias após. Vendê-lo e suprir as necessidades imediatas ou aguardar a luta para aventurar um bom dinheiro, com a possível vitória?</div><div style="text-align: justify;"><br />
A história do Coronel que vivia ao lado de uma mulher asmática, triste pela morte do filho e esperançoso por uma notícia que tardava a chegar, narrada por Gabriel García Márquez, tem gosto sutil de humor inteligente sem perda do foco social.</div><div style="text-align: justify;">O texto, escrito em linguagem direta, mostra o ser humano com suas fraquezas e esperanças, acreditando em promessas que lhes são convenientes, principalmente, quando estas se tornam a única forma de sobrevivência. Evidencia a história de um homem que, em prejuízo do sustento, decide manter-se reservado para não passar por constrangimentos, apesar da notória exposição social.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – O escritor colombiano, Gabriel José García Márquez, apelido Gabo, nasceu em 1928 na aldeia de Aracataca, na Colômbia. Cedo abandonou a casa dos pais e trabalhou em diferentes empregos. Fez seus estudos em Barranquilla e chegou a iniciar o curso de direito em Bogotá, época em que publicou seu primeiro conto. Exerceu o jornalismo em Cartagema, Barranquilla e no El Esplendor, de Bogotá. Foi correspondente das Nações Unidas em Nova York. Recebeu Prêmio Nobel de literatura por sua obra que entre muitos outros livros inclui “Cem anos de Solidão”.</span></div><br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Referência bibliográfica</b><br />
García Márquez, Gabriel, 1928 -<br />
Ninguém escreve ao Coronel / Gabriel García Márquez; tradução Danubio Rodrigues; [Ilustração de Carybé] 24ª ed. - Rio de Janeiro: Record, 2011.<br />
Tradução de: El coronel no tiene quién le escriba.<br />
ISBN 978-85-01-01655-3<br />
1. Conto colombiano. I. Rodrigues, Danubio. II. Título.</span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-13762823268689386702011-08-13T09:47:00.023-03:002012-07-29T11:55:10.990-03:00Laranja Mecânica – Anthony Burgess<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvD84aBtMT-d6rk1dTRqy0Dqt1DgzmtzFK6fyWfdBLuVT626gHDbmpja6XWChJGx5bnhZWa_4zezcEdlP6onNVQLvm6c1gRIcvrhqVtxy0hCyHDgR8GEzbADJgOfJLhS-iT1gp3KfWtXe_/s1600/laranja+mec%25C3%25A2nica.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvD84aBtMT-d6rk1dTRqy0Dqt1DgzmtzFK6fyWfdBLuVT626gHDbmpja6XWChJGx5bnhZWa_4zezcEdlP6onNVQLvm6c1gRIcvrhqVtxy0hCyHDgR8GEzbADJgOfJLhS-iT1gp3KfWtXe_/s200/laranja+mec%25C3%25A2nica.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto, escrito em 1962, conta a história de um adolescente que vive na cidade de Londres. O autor cria uma sociedade futurista na qual a violência atinge proporções gigantescas, exaladas nas mais diversas formas, inclusive na prática de roubos, estupros, espancamentos e assassinatos.<br />
A violência praticada sem uma causa perceptível foi enfrentada, pelo governo, de forma totalitária. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Anthony Burgess utiliza uma linguagem curiosa, carregada de gírias nadsat, com palavras rimadas, exigindo do leitor o seu aprendizado para remetê-lo ao centro do contexto, para vivenciar a história. O insere como observador na gangue comandada pelo idiota Alex que tem a companhia dos não menos retardados Pete, Georgie e Tosko.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na maioria, as vítimas da gangue são os idosos e intelectuais. A escolha pode ter sido proposital para consagrar frustrações relacionadas à intelectualidade socialista e a ausência de práticas familiares apropriadas ao bem-estar dos jovens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A solução encontrada pelo governo para combater as ações de Alex, não se caracterizou como menos hostil. <span style="font-size: x-small;"><b><i>“O diretor olhou para mim com uma cara muito cansada e disse:- Acho que você não sabe quem era aquele hoje de manhã, sabe 6655321? – E, sem esperar que eu dissesse não, ele disse: - Ninguém menos que o Ministro do Interior, o novo Ministro do Interior que eles chamam de reformador. Bem, essas novas idéias ridículas finalmente chegaram e ordens são ordens, embora cá entre nós eu lhe diga que não aprovo.”</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda hoje, o texto se firma como atualíssimo no cenário londrino haja vista as demonstrações de insatisfação social dos jovens e adolescentes e a resposta do poder para a solução dos conflitos.</div>
<div style="text-align: justify;">
A diferença entre o texto e a atualidade ocorre na diversidade da escolha das ações para possível solução, contudo, o capitalismo se vale da força para amordaçar o discurso proveniente da segregação social e racial encobertado e distorcido pela imprensa, conveniente, em vez da prática democrática saudável e construtiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
O autor, Anthony Burgess, joga, sem piedade, o leitor para conviver com o abestalhado Alex no intento de fazê-lo entender a deformidade de caráter provocada por mentes vazias e desocupadas, cuja sociedade intelectualizada e “madura” demonstra incapacidade para definir políticas não excludentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto, aparentemente descomprometido, traduz uma polêmica social que mesmo os países com economias sólidas e estruturadas não conseguem elaborar e implantar políticas alternativas voltadas para a inclusão social.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alex diz: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“- Eu, eu, eu. Eu? Onde é que eu entro nisso tudo? Será que eu sou apenas uma espécie de animal ou cão? – E isso fez com que eles começassem a govoretar (</i></b>falar<b><i>) ainda mais alto e lançar slovos (</i></b>palavras<b><i>) para mim. Então eu krikei (</i></b>gritei<b><i>) mais alto, ainda krikando (</i></b>gritando<b><i>): - Será que eu serei apenas uma laranja mecânica?</i></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: 7.5pt;">Informações sobre o autor</span></b><span style="font-size: 7.5pt;"> – Anthony Burgess nasceu em Manchester em 1917. Formou-se em Inglês pela Universidade de Manchester, serviu no Exército e, entre 1954 e 1966, trabalhou como professor junto ao Serviço Colonial britânico na Malásia. Foi neste período que começou sua carreira literária. Ao retornar a Inglaterra, recebeu a notícia de que tinha um tumor no cérebro: os dois médicos lhe deram no máximo um ano de vida. Mudou-se para a cidade costeira de Hove, no sul da Inglaterra, com a intenção de escrever vários livros para que os direitos autorais pudessem ajudar no sustento de sua esposa depois de sua morte. Mas, o diagnóstico estava errado, e Burgess viveu até 76 anos. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 7.5pt;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Burgess, Anthony – 1955<br />
Laranja Mecânica / Anthony Burgess; tradução Fábio Fernandes.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 7.5pt;">-São Paulo: Aleph, 2004.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 7.5pt;">Título original: A clockwork orange.<br />
199p.<br />
ISBN 978-85-7657-003-5<br />
1. Ficção inglesa - I. Título.</span><br />
<br />
<span style="font-size: 7.5pt;"><b>R </b></span></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-28914995747723671632011-06-19T10:59:00.029-03:002011-06-27T18:15:58.590-03:00Servidão Humana – William Somerset Maugham<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9aHa1ed8l7vJU7W1HN0GEWrxrQL6TKQk03QsWhekaV1fHppq6Q_dZQ6SkOSvKhMt6Kzr499AN4MEgudnmBeGp7vF2RstmojbKCE7SvKNKd7-j1VhGBMMDeTcdf5rzTyQxr2wTlNXxipJt/s1600/Servid%25C3%25A3o+Humana.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9aHa1ed8l7vJU7W1HN0GEWrxrQL6TKQk03QsWhekaV1fHppq6Q_dZQ6SkOSvKhMt6Kzr499AN4MEgudnmBeGp7vF2RstmojbKCE7SvKNKd7-j1VhGBMMDeTcdf5rzTyQxr2wTlNXxipJt/s200/Servid%25C3%25A3o+Humana.jpg" width="136" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O garoto Philip, aleijado de um pé, fica órfão. Seu tio Carey, irmão de sua mãe e seu padrinho passa a cuidar dele. A partir de então convive em uma família impregnada de conceitos morais e dogmas religiosos que terminam por conduzi-lo a uma formação rigorosa que o leva a rechaçar. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A falta de independência financeira, já que não tinha idade para gerir a pequena herança deixada pelo pai, inibe as suas escolhas e com isso advém o sofrimento. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Encaminhado a uma escola para formação básica é discriminado devido à deformidade. Rogou a Deus para curá-lo e como suas preces não foram atendidas acreditou que a sua fé não era suficientemente forte para merecer a atenção divina.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Philip decide ir à Alemanha e ao retornar a Inglaterra encontra uma hospede na casa dos tios, miss Wilkinson filha de um vigário, com a qual teve um relacionamento, apesar da diferença de idade entre eles.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Contra a sua vontade, o protagonista é encaminhado para Londres com aprendiz de contador, sente-se sozinho e teve um desempenho desastroso. Acreditando na sua capacidade artística, resolve mudar-se para Paris e matricular-se em um ateliê de pintura, contudo, também, não logrou sucesso.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em Paris, conhece miss Price que o leva a ver obras de pintores famosos. Ao ser conduzido para apreciar “<i>Gare St. Lazare</i>”, o famoso quadro de Monet que representa uma estação de trem, Philip comenta com a amiga que os trilhos não estão paralelos. Price, por sua vez, responde: “<b><i><span style="font-size: 10pt;">Que importância tem isso?</span></i></b>” O autor vale-se desta citação para criticar a filosofia cartesiana e mostrar que os artistas apreciam o mundo de forma diferente das pessoas comuns.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda em Paris, Philip conhece o poeta Cronshow e debatem sobre a moral abstrata e a ética. Enquanto o protagonista defendia comportamentos morais o poeta rechaçava a sua prática induzindo-o a perceber que a moral não passa de receio à punição social.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Philip desiste de ser pintor e retorna a Londres com o objetivo de estudar medicina, a mesma profissão do pai. Conhece a deselegante garçonete Mildred pela qual se apaixona: <b><i><span style="font-size: 10pt;">“Aquele amor era um tormento e Philip se ressentia amargamente da sujeição em que ele o mantinha. Estava prisioneiro e suspirava pela liberdade.”</span></i></b> O autor cria esta relação para mostrar a dificuldade de aceitação, por uma das partes, em reconhecer o relacionamento fora dos padrões de beleza, moral, ética e elegância. Duas pessoas díspares, ao extremo, sendo que uma se apaixona fervorosamente pela outra mesmo sabendo que os seus valores não coadunam. Philip joga todas as suas cartas na relação com Mildred, apesar de sua exigência quanto à beleza:<b> “</b><b><i><span style="font-size: 10pt;">Estaria privado de gozar todos os prazeres que se lhe ofereciam por causa de um defeito de visão que parecia exagerar tudo quanto havia de revoltante?</span></i>” </b>Aqui, o autor usa “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">defeito de visão</i>” no sentido do comportamento frente às relações pessoais.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois de Mildred, Philip teve um relacionamento insosso com a escritora Norah, boa interlocutora, jovem, inteligente e de natureza delicada. Conheceu o jornalista Athelmy e, apesar de não esperar que as pessoas lhe mostrassem bondade, a visita a sua residência lhe rendeu uma convivência duradora e harmoniosa. Esta relação o ajudou a desvencilhar-se do imbróglio que esteve metido.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Maugham cita sobre as dependências nos relacionamentos: <b><i><span style="font-size: 10pt;">“Uma coisa curiosa da vida é que, depois de ver uma pessoa todos os dias, durante meses, a gente se lhe torna tão íntima que não pode imaginar a existência sem ela; mas vem a separação e tudo prossegue de idêntica maneira, de sorte que a companhia que parecia essencial revela-se desnecessária.” </span></i></b>Diz sobre a busca incessante da felicidade: <b><i><span style="font-size: 10pt;">“A vida se lhe afigurará horrível quando medida pelo padrão da felicidade, mas agora tinha a impressão de ganhar forças ao descobrir que ela podia ser aferida por outros padrões.” </span></i></b>E mostra que em momentos de dificuldade as mesmas pessoas que recriminam comportamentos imorais e antiéticos desejam praticá-los como alternativa para saída daquela situação. Assim, Maugham, inclui a vítima Philip, também, como estrategista mental para antecipar a morte do tio e se beneficiar do seu patrimônio. Lembrando que: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 10pt;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) </i>a <i>falta de dinheiro torna o homem mesquinho, vil e avarento; deforma-lhe o caráter o faz olhar o mundo por um prisma vulgar.”</i></span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O autor ensina que as pessoas nos vêem de forma diferente da que imaginamos e que o perdão é a saída para minorar o sentimento de inferioridade e injustiça. Chama a atenção para a manipulação nas relações humanas de forma que as pessoas busquem suas verdadeiras necessidades sem deixar-se influenciar por opiniões não fundamentadas nas necessidades individualizadas. A felicidade pode ser encontrada em ações simples, sem projetos mirabolantes e intermináveis. Ensina que o amor não necessita navegar por grandes emoções. Por fim, ainda com sentimento de inferioridade, Philip diz a Sally, filha de Athelmy: <b><i><span style="font-size: 10pt;">“Como é que você pode gostar de mim? - Sou insignificante, aleijado, comum e feio. Ela tomou-lhe a face com as duas mãos e beijou-lhe os lábios – Você é um bobalhão, isso é o que você é.”</span></i></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A obra, apesar de extensa e rica em detalhes, não cansa o leitor, ao contrário, se finda as 676 páginas com vontade de continuar lendo. O pouco de ficção contido no texto não descaracteriza a autobiografia que figura entre as obras mais importantes da literatura mundial.</div><div class="MsoNormal"><br />
<b><span style="font-size: 7.5pt;">Informações sobre o autor</span></b><span style="font-size: 7.5pt;"> – William Somerset Maugham nasceu em Paris, em 1874. Sexto filho do procurador da embaixada britânica, sua primeira língua foi o francês. Ficou órfão aos dez anos, quando o mandaram para a Inglaterra para viver com o seu tio, vigário de Whitestable. Formou-se em medicina e abandonou a carreira após o sucesso de seus primeiros romances e peças teatrais. Escreveu <i>O pecado de Liza (1897), Servidão Humana (1915), O fio da navalha (19441), Uma dama na Malásia (1932), Histórias dos mares do Sul (1936), Férias de Natal (1939), Véu Pintado (1925), O destino de um homem (1930), </i>dentre outros. Sofria de disfemia e foi ridicularizado na Inglaterra, pelos colegas de escola, por não falar bem o inglês. Tinha baixa estatura. Maugham viveu em desgraça, tanto na comunidade religiosa do tio, como na escola, onde era maltratado por companheiros. Tal fato fez com que desenvolvesse a habilidade de fazer observações sarcásticas daqueles que o enfureciam. </span><br />
<span style="font-size: 7.5pt;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Maugham, W. Somerset, 1874 – 1965.<br />
676p.<br />
Servidão humana / W. Somerset Maugham ; tradução Antônio Barata; prefácio Carlos Vogt. 10.ed.rev. – São Paulo: Globo, 2005.<br />
Tíyulo original: Of human bondage<br />
ISBN 85-250-3877-2<br />
1. Romance inglês I.Vogt, Carlos. II. Título.</span><br />
<br />
<b><span style="font-size: 7.5pt;">R </span></b></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-65738985533447440842011-05-14T09:38:00.027-03:002011-06-27T18:22:21.117-03:00Travessuras da menina má - Mario Vargas Llosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigtSA_-C8rEYb5Ku_in7swtoiaMTfNwdqYvYrMJJoPUBwD6vBeuvaCV0is_No1VV-RL5AZTLoDeB7Tsnt0CWdqGFeAkSNkn3Ak26SV-uTe6HTFR_gczoCrkaIQBM04XnwilzgYR1Uyy4yT/s1600/travessuras+da+menina+m%25C3%25A1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigtSA_-C8rEYb5Ku_in7swtoiaMTfNwdqYvYrMJJoPUBwD6vBeuvaCV0is_No1VV-RL5AZTLoDeB7Tsnt0CWdqGFeAkSNkn3Ak26SV-uTe6HTFR_gczoCrkaIQBM04XnwilzgYR1Uyy4yT/s200/travessuras+da+menina+m%25C3%25A1.jpg" width="151" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">De um lado um amor sem limites, do outro uma ambição desmedida e inconsequente. Assim, Mario Vargas Llosa constrói a brilhante história de Ricardo Somocurcio e Otilia. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A canalhice, normalmente praticada pelos homens nas relações amorosas, é colocada, desta vez, na figura feminina e, ao que parece, apesar das ações desprezíveis recheadas com toque de carinho verbal, leva o leitor a não odiar a personagem.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Otilia muda de nome como camaleão muda de cor para praticar as safadezas. Ricardo, por sua vez, não consegue entendê-la. Percebe-se que as aventuras da menina má deixam de ser uma necessidade para transformar-se em aberração de caráter: vai ao encontro do risco por necessidade de sofrimento. Sofrer era não se aventurar. Sujeitar-se ao risco era uma forma de punir-se. O autor nos remete para a prática da tolerância, do amor desmedido e da aceitação dos diferentes. Mostra que a opção de vida escolhida pelo indivíduo é como uma flecha lançada, na maioria das vezes não tem volta. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O leitor censura a menina má e, ao mesmo tempo, deseja que alguma coisa de normal aconteça. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A aventura começa com a chilenita Lily, depois veio a camarada Arlete, madame Robert Arnoux, Mrs. Richndson e Kuriko. Todos elegeriam madame Somocurcio com favorita, mas, a aventura exalava da pele da menina má como nicotina evapora do corpo de um fumante. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Mario Vargas Llosa se aproveita da menina má para oferecer um cenário sociopolítico vivido no Peru. Migram os personagens para a França, país símbolo da democracia, para Cuba, na busca de justiça social e para a Inglaterra reverenciando os movimentos culturais das décadas 60 a 80. A tortura sofrida pela menina má, no Japão, serve de alusão ao regime implantado no Peru pelo ex-presidente, Fujimori, que também possui cidadania japonesa.<br />
Llosa, chama a atenção para a adoção de menores e exalta a prática como uma decisão a ser tomada sem preconceito. A criança vietnamita incapaz de falar, adotada por um casal amigo de Ricardo, começa a balbuciar a partir do momento que atende ao telefone da menina má. Este tema adoça a carapaça da aventureira, mostra que perdas, carências sociais e afetivas podem ser superadas através da atenção para com o próximo. Lembra que o bem e o mal estão no mesmo indivíduo e nos compete à escolha por um ou outro. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O texto apresenta uma aventura descomunal e oferece um aprendizado digno da experiência do grande escritor, Mario Vargas Llosa. A leitura é imperdível!</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Mario Vargas Llosa é jornalista, dramaturgo, ensaísta, crítico literário e escritor consagrado internacionalmente. Nascido em Arequipa, no Peru, em 1936, ganhou notoriedade literária com a publicação do romance <i>A cidade e os cachorros (1961)</i>. Mudou-se para Paris nos anos 60 e lecionou em diversas universidades americanas e européias, ao longo dos anos. Publicou <i>Conversa na catedral, Pantaleão e as visitadoras, Tia Júlia e o escrevinhador, A guerra do fim do mundo, Quem matou Palomino Molero? Cartas a um jovem escritor. </i>Recebeu os prêmios Cervantes, Príncipe das Astúrias. Foi candidato derrotado à presidência do Peru, em 1990, perdendo a eleição para Alberto Fugjimori..</span><br />
<span style="font-size: xx-small;"> <b><br />
Referência bibliográfica</b><br />
Vargas Llosa, Mario<br />
Travessuras da menina má / Mario Vargas Llosa ; tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht..<br />
302p.<br />
Tradução de: Travessuras de la niña mala.<br />
ISBN 85-7302-808-4<br />
Romance peruano. I.Roitman, Ari, paulina. II. Título.</span><br />
<br />
<div style="color: black;"><b><span style="font-size: xx-small;">R </span></b></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-26644338819738174842011-04-30T18:36:00.019-03:002011-06-29T15:38:21.459-03:00O retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPGi8iUYM9XV6F5TE3gqI99DEgevU6y7mS8gjazn7ILaaeLz4hQCUaadIcV_JxYD_uz7iBsvQVj4FsrTCr0yVE4HS_gzJdcnmRLXQPwXkSZhefE8iAUiVI7T21tqJp9Ib3eMtA047Ubie2/s1600/O+Retrato+de++Dorian+Gray.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPGi8iUYM9XV6F5TE3gqI99DEgevU6y7mS8gjazn7ILaaeLz4hQCUaadIcV_JxYD_uz7iBsvQVj4FsrTCr0yVE4HS_gzJdcnmRLXQPwXkSZhefE8iAUiVI7T21tqJp9Ib3eMtA047Ubie2/s200/O+Retrato+de++Dorian+Gray.jpg" width="128" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">No século dezenove, um rapaz da alta sociedade inglesa teve o seu retrato pintado por um artista que considerava a obra sua mais importante criação. Ao deparar-se com o retrato, o jovem Dorian Gray encantou-se com a própria beleza e o pintor Basil Hallward e o nobre Henry Wotton encarregaram-se de instigar o seu ego. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Dorian declara: </span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">“Que coisa profundamente triste (...) eu ficarei velho, aniquilado, hediondo!... Esta pintura continuará sempre fresca. Nunca será vista mais velha do que hoje, neste dia de junho... Ah! Se fosse possível mudar os destinos; se fosse eu quem devesse conservar-me novo e se essa pintura pudesse envelhecer! Por isso eu daria tudo!... Não há no mundo que eu não desse... Até minha alma!...” </span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Convicto do que disse, Dorian Gray pactuou com o diabo e manteve-se jovem e belo enquanto o seu retrato envelhecia. Basil Hallward apaixonou-se pelo jovem e disputou com o amigo Henry Wotton a atenção sua atenção.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A beleza do protagonista encantava a todos e lhe permitia usufruir de privilégios a ponto de manter vários e extravagantes relacionamentos amorosos. Certa noite, convidado por um empresário de segunda categoria, adentrou em um teatro e se deparou com Sibyl Vane, pobre e desconhecida atriz, pela qual terminou se apaixonando. Decidido a casar-se com ela, convidou os amigos Basil e Henry para vê-la representar e, surpreendentemente, após a sua péssima participação na peça, veio o desapontamento que resultou no rompimento da relação. Em seguida, ocorreu um episódio que interferiu na vida do egocêntrico protagonista. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Enquanto o misterioso retrato envelhecia, em consequência do pacto feito com o demônio, o excêntrico protagonista permanecia jovem e levava a vida desregrada a ponto de aniquilar com o autor da obra e romper com o nobre Henry Wotton. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Oscar Wilde, chamar a atenção para os enganos sociais que enaltece os valores estéticos em detrimento da moral e da ética. Mostra, com sutileza, a natureza como ela é ao findar o texto com a seguinte frase: </span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">“No assoalho, jazia um homem morto, trajado a rigor com um punhal no coração!... Seu semblante estava macerado, enrugado e repelente!... Somente pelos anéis, conseguiriam reconhecer quem era...” </span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br />
O texto publicado em 1890, na Inglaterra, permanece atual e rico de ensinamentos. O único romance de Oscar Wilde não foi bem recebido, à época, devido às insinuações homossexuais. Este fato o levou à prisão. O rígido e insalubre sistema carcerário consumiu a sua saúde e, após três anos da sua soltura, veio a falecer. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"> </span></div><span style="font-size: xx-small;"> </span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: xx-small;"> <b>Informações sobre o autor</b> – Oscar Fringall O’Flahertie Wilde, destacou-se desde a infância pelo seu brilhantismo e pelo comportamento excêntrico. Aos vinte anos, foi estudar na Inglaterra, onde ficou conhecido pela intensa e extravagante atividade social. Sua literatura propunha uma renovação de valores e comportamentos. Escreveu diversas peças de teatro, entre elas <i>Salomé (1891), Uma mulher sem importância (1893), A importância de ser prudente (18895). O retrato de Dorian Gray </i>é o seu único romance e sua obra mais conhecida.</span></div><span style="font-size: xx-small;"> <br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Wilde, Oscar, 1854 - 1900<br />
O retrato de Dorian Gray / Wilde, Oscar 1854 – 1900.<br />
252p.<br />
Tradução de: João do Rio – São Paulo: Hedra ; 2009 Biografia.<br />
ISBN 85-7715-011-9<br />
Literatura inglesa. I. Ficção</span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-69393566294859589122011-04-15T19:35:00.007-03:002011-06-29T16:11:26.517-03:00O filho eterno – Cristovão Tezza<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOhl4RB8Wz_xav45l4o3xgYr_6WqHFo9v2LYBE296DUU_DJ6tkESby0-wwaQ2NAYF3J-TkElprKDLVmIBVl4BkZcSuGHQvzhphUKZLpavNZ-IXLuzNMqn9Dc6mx2cRHy5BZBoMtFNEP6ws/s1600/O+filho+eterno.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOhl4RB8Wz_xav45l4o3xgYr_6WqHFo9v2LYBE296DUU_DJ6tkESby0-wwaQ2NAYF3J-TkElprKDLVmIBVl4BkZcSuGHQvzhphUKZLpavNZ-IXLuzNMqn9Dc6mx2cRHy5BZBoMtFNEP6ws/s200/O+filho+eterno.jpg" width="130" /></a></div><div style="text-align: justify;"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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<br />
O filho eterno, narrado por Cristovão Tezza, mostra o conflito mental de um pai, despreparado e inseguro, incapaz para compartilhar da vida de um filho que adquiriu uma herança genética que o remeteu a comportamentos díspares da maioria dos indivíduos.<br />
A insegurança para enfrentar uma sociedade preconceituosa, despreparada e não adaptada para atender às necessidades dos diferentes, mudou o plano de vida do pai. Em alguns momentos preferia negar a realidade, em outros compartilhava do arrastado desenvolvimento do filho.<br />
<br />
O autor revela os sentimentos dos transtornos causados quando do nascimento do filho, por ocupar os espaços de seus relacionamentos, por drenar as suas economias, instaurar a insegurança e afastar o pai da mãe, sem criar nenhuma expectativa compensatória:</span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> “E no caso dele, ele pensa – e quando pensa acende outro cigarro -, a troco de nada. Para dizer as coisas claramente, esta criança não lhe dará nada em troca. Sequer aquele prazer mesquinho, mas razoável, de mostrá-lo aos outros como um troféu (...)” </span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <br />
<br />
Em outros momentos aparece o relato de possível compensação na relação com o filho: </span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Ainda não existe um filho na sua vida; existe só um problema a ser resolvido, e agora lhe deram um mapa interessantíssimo, quase um manual de instruções. Por trás desse pequeno milagre, começa a aparecer um detalhe sutil sobre o qual ele não pensou ainda: motivação.”</span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
<br />
O audacioso romance revela sentimentos e conflitos de uma pessoa despreparada para assumir as vicissitudes da vida, a insegurança de enfrentar o desconhecido e trilhar por caminhos difíceis. Revela, ainda, a necessidade de continuar na labuta, aprendendo a renovar as energias para o próximo momento, sem esperança de mudanças significativas. Motivar-se em busca do pouco, do quase nada, da aceitação do diferente ao qual lhe foi doado sua carga genética, na esperança, mesmo que remota, de que um dia a ciência possa mudar o que a natureza não contribuiu para a normalidade.<br />
<br />
O texto desperta para a dificuldade de pais que convivem com filhos detentores de doenças congênitas e mostra a necessidade do entendimento da problemática que grande parte da sociedade insiste ignorar. </span><br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Cristovão Tezza nasceu em Lages, Santa Catarina. É considerado um dos mais importantes autores brasileiros contemporâneos, é também colunista do jornal Folha de São Paulo e cronista da Gazeta do Povo, de Curitiba. Publicou, entre outros, os romances <i>Trapo, O fantasma da infância, Aventuras provisórias, Breve espaço entre cor e sombra</i>. </span></div><span style="font-size: xx-small;"><br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
Tezza, Cristovão, 1952 -<br />
O filho eterno / Cristovão Tezza – Rio de Janeiro: Record, 2010.<br />
222p.<br />
ISBN 978-85-01-07788-2<br />
1. Romance brasileiro - I. Título</span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-29816940150991992852011-03-31T08:01:00.028-03:002011-06-29T17:02:10.778-03:00Cartas Anônimas – Fernando Vita<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUOFQkllj886SwMFLLzfzlOoY1pV0nBDhlOScrXBhpZl_XQd6g4LmyJrRA33z03XNHWM_VYBwQieeSb3iq7mrp9Cop2ph0YFh9zbqIZLJ-2dkRdU2ZICZTCGwkWVp6jaGnylA17MGsvouy/s1600/CartasAnonimas-capa-206x300.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUOFQkllj886SwMFLLzfzlOoY1pV0nBDhlOScrXBhpZl_XQd6g4LmyJrRA33z03XNHWM_VYBwQieeSb3iq7mrp9Cop2ph0YFh9zbqIZLJ-2dkRdU2ZICZTCGwkWVp6jaGnylA17MGsvouy/s200/CartasAnonimas-capa-206x300.jpg" width="136" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A divertidíssima história de uma cidade, que de fictícia só tem o nome, contada por Fernando Vita, registra fatos ocorridos quando o autor, ainda adolescente, ouviu e acompanhou o desenrolar de boatos que serviram para ocupar os desocupados e irritar os que, de alguma forma, cometiam deslizes, deixavam escapar sentimentos amorosos ou preferências sexuais.<br />
Muito pouco do que eu me recorde passou despercebido pelo autor. O texto escrito em linguagem direta, com citações comuns em mesas de bar de províncias a exemplo da que serviu de palco para desenrolar a narrativa, não agride os tímpanos do leitor devido à habilidade do autor em contar os fatos de forma hilária e desprovidos de ofensa.<br />
Cada caso se desenvolve de maneira única e terminam se entrelaçando. As cartas anônimas apresentadas como simples fotografias se transformam, no decorrer do texto, em um engraçado filme. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O romance coloca a belíssima e desejada Boneca no centro de um contexto, fruto do imaginário do autor. Afinal, diz ele tratar-se de uma ficção...</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Na cidade desprovida de heróis, citado por Vita, a bem da verdade existiu um, faça-se justiça, o pai de Chebeu, um dos estafetas citados no texto. O emprego federal concedido a Chebeu nos Correios e Telégrafos se deu ao fato do seu pai ter participado na Segunda Guerra Mundial.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O juiz Efraim, o grão-mestre Clinésio, Nadinho da Jegra, tenente Ludovico, e Teófilo que tinha por profissão ser marido da professora, adornam a história de forma espirituosa. Esse último, ao ser apresentado às pessoas dizia: </span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">“– Sinta em suas partes os meus prazeres! Teófilo Amândio, seu criado, marido da professora Dina Gazinha, às suas ordens.” </span></i></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O autor, também, não deixou escapar a Madre Rosário, encarregada do convento que abrigava a jovem, bela e radiante Madre Maria Goretti, respeitadas obreiras educacionais. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">As cartas anônimas chamavam a atenção dos desocupados que amavam comentar sobre a vida alheia. Os conteúdos saíam dos papéis e circulavam de boca em boca acrescidos da imaginação e do azedume de quem os repicavam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Há que perdoar os habitantes de Todavia (SAJ), afinal, nada se tinha a fazer à época. O gerador que iluminava a cidade era desligado às vinte horas e na calada das noites enluaradas os cantores, tocadores, bêbados, políticos, poetas de meia tigela, desocupados por falta de trabalho e opções de lazer se encontravam nos bancos de jardins, botecos e puteiros - iluminados por candeeiros Aladim - para comentarem sobre vidas de muitos que dormiam e de outros que perdiam o sono por terem seus nomes incluídos em muitas das Cartas Anônimas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O livro, rico em humor, traz uma linguagem simples a exemplo dos moradores da antiga província. Sem dúvida, é uma leitura divertidíssima para não dizer imperdível! O risco é despertar, nos atuais moradores, a antiga prática das Cartas Anônimas...</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor </b>– Fernando Vita nasceu em 22 de dezembro de 1948, em Santo Antônio de Jesus, Bahia, Brasil. Formou-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia. Trabalhou no Jornal da Bahia como repórter, editor e crítico musical. Foi repórter <i>freelance</i> do Jornal do Brasil e das revistas Veja e Istoé/Senhor. Escreveu <i>Tirem a doidinha da sala que vai começar a novela</i>. Recebeu o Prêmio Braskem Cultura e Arte.</span></div><br />
<b><span style="font-size: xx-small;">Referência bibliográfica</span></b><br />
<span style="font-size: xx-small;">Vita, Fernando</span><br />
<span style="font-size: xx-small;">Cartas Anônimas: uma hilariante história de intrigas, paixão e morte / Fernando Vita. – São Paulo. Geração Editorial, 2011.</span><br />
<span style="font-size: xx-small;">181p.</span><br />
<span style="font-size: xx-small;">ISBN 978-85-61501-60-0</span><br />
<span style="font-size: xx-small;">1. Ficção brasileira - I. Título.</span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-54651290082157389282011-02-28T18:22:00.002-03:002011-06-29T17:26:43.802-03:00Reparação – Ian McEwan<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNHd148RJ87DT09S1yiYvt-wup4uVBrlKz67ieD20honnUoFgsUcY8Vay_5fD0JZy-R1Typ4Tw3tZj023Yw7v0EqZydFcgMuBn6KiIaV59LtUb5nWQSDZot-Veapj6cpWZJbdHoej_213f/s1600/Repara%25C3%25A7%25C3%25A3o.1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNHd148RJ87DT09S1yiYvt-wup4uVBrlKz67ieD20honnUoFgsUcY8Vay_5fD0JZy-R1Typ4Tw3tZj023Yw7v0EqZydFcgMuBn6KiIaV59LtUb5nWQSDZot-Veapj6cpWZJbdHoej_213f/s200/Repara%25C3%25A7%25C3%25A3o.1.jpg" width="130" /></a></div><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cecilia Tallis, filha de uma família inglesa, cresceu em companhia do filho da faxineira e, sem perceber claramente, termina se envolvendo emocionalmente. Sua irmã, adolescente, Briony Talles, tinha a pretensão de se tornar escritora, presenciou dois fatos que culminaram no desenrolar de uma história falsa, abrangente e capaz de prejudicar as relações familiares.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Além do preconceito social que abarca a narrativa, a distorção dos fatos refletiu sobre o destino das famílias e teve como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, que proporcionou o nivelamento dos protagonistas e os colocou em situações de equivalência.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O afastamento familiar e a contingência política, provocado não só pela situação de conflito, mas, também pela necessidade da individualização e conduta no anseio de uma reparação, tardou acontecer e ajudou a desenvolver a grandiosidade da história.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cecilia não abriu mão do injustiçado Robbie Tuner, filho da faxineira. Abandona a família e vai ao seu encontro. Briony, por sua vez, resolve assumir o seu erro e surpreende o leitor ao revelar o nome do verdadeiro culpado do estupro da sua prima Lola.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O texto apresenta uma qualidade estonteante, com linguagem simples e envolvente, conduz o leitor a uma história rica em conflitos com alta dose de questionamentos comportamentais que remetem ao servilismo social, capaz de distorcer fatos com versões que podem aniquilar o prazer de viver.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor </b>– Ian McEwan nasceu em 1948, em Aldershot, Inglaterra. Publicou duas coletâneas de contos e uma dezena de romances, entre eles <i>A criança no tempo, O jardim de cimento, Amor para sempre, O inocente, Sábado, Na praia e Amsterdam</i>. Conquistou, entre outros prêmios, o Whitbread Award, 1987, e o Booker Prize, em 1998. </span><br />
<span style="font-size: xx-small;"> <br />
<b>Referência bibliográfica</b><br />
McEwan, Ian<br />
Reparação / Ian McEwan; tradução Paulo Henrique Brito. - São Paulo. Companhia das Letras, 2002.<br />
444p.<br />
Título original: Atonement.<br />
INBN 978-85-359-0235-8<br />
1. Romance inglês - I. Título.</span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-40153431120551962582011-02-15T12:09:00.013-03:002011-09-01T13:56:02.539-03:00Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0J_7Mo36G7bUGbAYbU519I7ftuarAEqOIxnTEI2f7GcCX_QRjlLWftRyshBOwhhX-lUln4WVfGCGKqaP21pHy2s6nZOW65WxBGF9wtjSGHKX4fdMSa5eCPZsVy3AtI_q5WqStg0nvKB6/s1600/Um+rio+chamado+tempo%252C+uma+casa+chamada+terra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0J_7Mo36G7bUGbAYbU519I7ftuarAEqOIxnTEI2f7GcCX_QRjlLWftRyshBOwhhX-lUln4WVfGCGKqaP21pHy2s6nZOW65WxBGF9wtjSGHKX4fdMSa5eCPZsVy3AtI_q5WqStg0nvKB6/s1600/Um+rio+chamado+tempo%252C+uma+casa+chamada+terra.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">O jovem Mariano, protagonista da história, foi requisitado para coordenar os procedimentos, comuns às famílias moçambicanas, da morte do velho Dito Mariano. Chegando à ilha Luar-do-Chão, tomou conhecimento, de forma inusitada, dos muitos fatos ocorridos na sua ausência e outros que ajudaram a elucidar questões a respeito da sua origem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A história, aparentemente folclórica, envereda por crenças e valores regionais que precisam ser satisfeitos para alcançar os objetivos traçados pelo personagem central, o velho Dito Mariano. </div><div style="text-align: justify;">Ciente da proximidade de sua morte, Dito Mariano, se faz de morto e orienta o jovem através de escritos que lhes são apresentados nas mais variadas situações. </div><div style="text-align: justify;">Os procedimentos a serem cumpridos e as revelações de fatos da sua história envolve o protagonista, do início ao fim do texto.</div><div style="text-align: justify;">Além dos rituais exigidos, o jovem foi obrigado a assumir importantes tarefas para salvaguardar a cultura local e as tradições familiares, que entravam em contradição com políticas progressistas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As observações sobre a natureza se revelam a cada momento com ditos populares, próprios de um povo simples, porém, posseira de sabedoria: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“O rio é como o tempo! Nunca houve princípio, concluía. O primeiro dia surgiu quando o tempo já há muito se havia estreado. Do mesmo modo, é mentira haver fonte do rio. A nascente é já o vigente rio, a água em flagrante exercício. O rio é como uma cobra que tem a boca na chuva e a calda no mar.”</i></b></span> Com este linguajar o autor constrói a história de um povo e nela se inclui.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O texto é leve e curioso. O leitor que se deixar envolver na fala da ilha Luar-do-Chão, certamente, terá oportunidade de experimentar uma cultura enraizada em fundamentos onde a natureza é a essência da própria existência:<span style="font-size: x-small;"><b><i> “Desde o funeral que não pára de chover. Nos campos, a água é tanta que os charcos se cogumelam, aos milhares. Poeiras brancas ondulam à tona de água. Parece que a terra vomita esses pós brancos que, por descálculo, Juca Sabão teve a fatal ideia de semear. Quem disse que a terra engole sem nunca cuspir?”.</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O livro aborda a história de uma família e suas crenças. Revela a natureza, na forma rudimentar. Retrata a política e seus conflitos, tangenciando a história, com foco nas possíveis consequências sociais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor</b> – Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Estudou medicina antes de se formar em biologia. Atualmente dedica-se a estudos de impacto ambiental. Em 1999, recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra; em 2007, o prêmio União Latina de Literaturas Românticas. Seu romance <i>Terra Sonâmbula </i>foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. O escritor publicou, entre outros: <i>O outro pé da sereia; A varanda do frangipani; Venenos de Deus, remédio do diabo; O fio das missangas.</i><br />
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<b>Referência bibliográfica</b><br />
Couto, Mia – 1955<br />
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra/ Mia Couto - São Paulo. Companhia das Letras, 2003.<br />
262p.<br />
INBN 978-85-359-0343-0<br />
1. Romance moçambicano (Português) - I. Título.</span><br />
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<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span></div>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8565644957622152625.post-63266010072312884572011-01-30T16:23:00.003-03:002011-09-02T17:36:53.904-03:001984 – George Orwell<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwd-h4LtTUJvhJmLoKYjYqHBdcg_t7AkOBHHlujQrucSlB8kHVgMtLdVlWIPEUgpekBKmXXk2NmnU1HKoM8i_DfmGa0I6PZuay9HJBPPNcZs644rBeJ5T1WE4A59NH1UP4rkT699f8cTkU/s1600/1984.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwd-h4LtTUJvhJmLoKYjYqHBdcg_t7AkOBHHlujQrucSlB8kHVgMtLdVlWIPEUgpekBKmXXk2NmnU1HKoM8i_DfmGa0I6PZuay9HJBPPNcZs644rBeJ5T1WE4A59NH1UP4rkT699f8cTkU/s200/1984.jpg" width="130" /></a></div><div style="text-align: justify;">A mais renomada obra do inglês George Orwell fala de um presente no futuro. Para compreendê-la, faz-se necessário algum conhecimento histórico dos sistemas políticos filosoficamente contraditórios, porém, convergentes quanto ao totalitarismo usado na União Soviética e Alemanha. Stalin e Hitler se completavam, apoiados por grande parte da população. Os que não compartilhavam das suas idéias foram enxotados, executados, deportados, presos, ou submetidos a privações.</div><div style="text-align: justify;">A obra cujo título seria 1948, ano em que foi escrita, por exigência dos editores, foi alterada para 1984. Ou seja, o presente tornou-se futuro. As observações a respeito dos acontecimentos, apresentados como ficção, resumem o descontentamento do autor a respeito da forma como o ser humano era tratado pelas grandes potências e aceitas, de forma leniente, pelos blocos geoeconômicos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O autor critica as práticas utilizadas pelos regimes totalitários, ao enxergar o indivíduo como uma peça do jogo criado para servir ao Estado. Em várias ocasiões, o protagonista da história, Winston Smith, chama a atenção para ações que desmontam fatos reais e os apresentam com características aparentemente verdadeiras, mas não passavam de nova roupagem, utilizada para ajudar a consolidar o poder: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“As vantagens imediatas de falsificar o passado eram óbvias, mas a razão profunda era misteriosa.”</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O protagonista, membro do Partido, sentia-se constantemente vigiado pelas chamadas teletelas e era colocado à prova da sua concordância quanto às práticas de manipulação, opressão e tortura, usadas na manutenção do sistema político. </div><div style="text-align: justify;">Para o Partido o que o indivíduo achava ou deixava de achar pouco importava, a norma devia ser seguida sem questionamentos: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“O Partido não está preocupado com a perpetuação de seu sangue, mas com a perpetuação de si mesmo. Não importa quem exerce o poder, conquanto que a estrutura hierárquica permaneça imutável.”</i></b></span></div><div style="text-align: justify;">Qualquer atitude suspeita, significava o fim do indivíduo. Alguns eram submetidos à lavagem cerebral, outros simplesmente desapareciam: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“Um dia desses, pensou Winston, assaltado por uma convicção profunda, Syme será vaporizado. É inteligente demais. Vê as coisas com excessiva clareza e é franco demais quando fala. O Partido não gosta desse tipo de gente. Um dia ele vai desaparecer. Está escrito na cara dele.”</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Apesar da angustia representada no texto, fruto da opressão e do controle exagerado, o autor arrumou espaço para o romantismo poético, e, descreve um ambiente onde teve um encontro íntimo com Júlia, contrariando o Partido quanto a prática sexual com prazer: <span style="font-size: x-small;"><b><i>“Winston avançava pelo caminho em meio a um mosqueado de luz e sombra, pisando em poças douradas sempre que os galhos das árvores se distanciavam um dos outros. Sob as árvores à esquerda, o solo era um nevoeiro de jacintos. O ar parecia beijar a pele. Era dia dois de maio. De algum lugar mais para o interior do bosque vinha o arrulho de torcazes.” </i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A obra, ainda atual, chama a atenção para a vigilância dos fatos, tendências políticas e o uso do poder. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-size: xx-small;"><b>Informações sobre o autor </b>– George Orwell nasceu em Motihari na Índia, no ano de 1903. Completou seus estudos na Universidade de Eton. Aos 19 anos entra para a Polícia Imperial Britânica. Passou muitos anos entre a Índia e a Birmânia. Revolta-se com o imperialismo inglês. Considera seu passado vergonhoso, e por isso muda seu nome. Seu nome verdadeiro é Eric Arthur Blair. Trabalha como operário de fábrica em Paris e depois como professor primário em Londres. Assim, sente pela primeira vez a opressão da classe trabalhadora. Neste contexto ele começa a escrever. Participa da Guerra Civil Espanhola em 1936, lutando ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista). George Orwell era a favor das classes sociais baixas e se decepcionou com os Partidos Comunistas da época, fiéis aos ditames de Moscou. Era um anti-stalinista, não pelo socialismo, mas contra todo o tipo de totalitarismo. Escreveu "Na pior em Paris e Londres", "A flor da Inglaterra", "Dias na Birmânia", "O caminho para Wigan Pier", “A Revolução dos Bichos”, entre outros títulos.</span><br />
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<b>Referência bibliográfica</b><br />
Orwell, George, 1903 - 1950<br />
1984 / George Orwell; tradução Alexandre Hubner, Heloisa jahn; posfácio Erich Fromm, Ben Pimlott, Thomas Pynchon. – São Paulo: Companhia das Letras, 2009.<br />
414p.<br />
Título original: 1984<br />
INBN 978-85-359-1484-9<br />
1. Romance inglês I – Fromm, Erich, 1900-1980. II Pemlott, Bem 1945 – 2004. III Pynchon, Thomas, 1937 - IV. Título.</span><br />
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<span style="font-size: xx-small;"><b>R </b></span>Eduardo Andradehttp://www.blogger.com/profile/15617895213526175358noreply@blogger.com3