O personagem Saidu do livro Muito longe de casa escrito por Ishmael Beah, disse aos amigos em um dos vários momentos que fugiam da perseguição dos rebeldes durante a guerra civil em Serra Leoa: “Quantas vezes mais vamos ter que enfrentar a morte até encontrarmos segurança? (...) Toda vez que somos perseguidos por gente que quer nos matar, fecho os olhos e espero pela morte. Apesar de ainda estar vivo, sinto como se, a cada vez que aceito a morte, parte de mim morresse. Muito em breve eu vou morrer completamente e tudo que sobrar de mim será meu corpo vazio, andando com vocês. Ele será mais silencioso do que eu”.
Saidu imaginou-se um “morto vivo” andando pelas matas e aldeias de Serra Leoa.
O relato de Ishmael Beah a respeito do sentimento do amigo Saidu sobre as perseguições políticas em Serra Leoa é digno de reflexão. Crianças e adolescentes fugiram, sem sucesso, de uma guerra que não inventaram, e terminaram em combate por falta de opções.
No combate, sem forças para carregarem armamentos e mantimentos terminaram se drogando a exemplo de soldados adultos.
Os que conseguiram ser resgatados por instituições preocupadas com as condições de vida dos combatentes mirins, ainda tiveram oportunidades de se recuperarem e constituírem novos projetos de vida, outros foram mortos em combate nas florestas e aldeias, sem saber por que estavam fugindo e ou lutando.
Informações sobre o autor - Ishmael Beah nasceu em Serra Leoa em 1980, mudou-se para os Estados Unidos em 1998 e atualmente vive em Nova York. É formado pelo Oberlim College, com bacharelado em ciências políticas.
sábado, 13 de dezembro de 2008
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