terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crônica de uma morte anunciada – Gabriel García Márquez

O extravagante Bayardo San Román decidiu procurar uma mulher para se casar em uma pequena cidade da Colômbia. Ao se deparar com a jovem Ângela Vicário lhe pediu em casamento e ofereceu o conforto da melhor casa da cidade.
Insegura, por não ser virgem, pensou em resistir à proposta, contudo foi persuadida a simular donzelice na noite de núpcias.
No dia do casamento, após as festividades que mobilizou inúmeros convidados, ela resolveu não fazer o que haviam orientado e teve, em troca, o imprevisto de ganhar uma surra do marido, além do dissabor de ser devolvida à família.

Interrogada pelos seus irmãos gêmeos, quem queriam saber quem a havia desvirginado, ela disse que tinha sido Santiago Nasar. Logo, não restou alternativa aos irmãos gêmeos, Pedro e Pablo Vicário, a não ser amolar as facas, que serviam para o abate dos porcos, e sair à caça de Santiago Nasar com o propósito de lavar a honra da família.

Os gêmeos, por onde passavam, anunciaram a todos com quem se encontravam a pretensão do ato criminoso, ao que parece, na esperança de que alguém os impedissem de concretizar o crime. Enquanto se preparavam para o massacre, encheram as panças de cachaça e mantiveram vigília até surgir a oportunidade para sangrar Santiago Nasar.

Apesar de alguns amigos tentarem avisar a Santiago sobre o intento dos irmãos Vicário a vítima não era localizada. A morte anunciada foi tão comentada na comunidade que o fato já era anunciado como concretizado, mesmo antes de acontecer.

O autor tenta desvendar a história com a esperança de confirmar se Santiago Nasar tinha sido o verdadeiro responsável pela desonra ou se a noiva, também vitima de preconceito social, o havia escolhido para esconder o verdadeiro amante.

O livro mantém um clima de suspense e induz o leitor a acreditar na possibilidade de mudar o veredicto sobre Santiago Nasar, por intermédio de ações da comunidade ou da manifestação do verdadeiro amante de Ângela.

Divertido pela forma que a história é contada, o texo submete autoridades políticas e religiosas a situações ridículas. Mostra conceitos e preconceitos arraigados em pequenas comunidades que induzem comportamentos ultrapassados, traiçoeiros e criminosos. Todos eles, de alguma forma, aceitos pelas famílias das vítimas, sejam as que induziram, referendaram, praticaram, ou retalharam Santiago Nasar como se fosse um porco inerte após o abate.

A honra lavada com sangue, perdurou durante as vidas de Bayardo San Román e de Ângela Vicário. O que tinha de bom para acontecer transformou-se em solidão, sofrimento e esperança. 

Informações sobre o autor – O escritor colombiano, Gabriel José García Márquez, apelido Gabo, nasceu em 1928 na aldeia de Aracataca, na Colômbia. Cedo abandonou a casa dos pais e trabalhou em diferentes empregos. Fez seus estudos em Barranquilla e chegou a iniciar o curso de direito em Bogotá, época em que publicou seu primeiro conto. Exerceu o jornalismo em Cartagema, Barranquilla e no El Esplendor, de Bogotá. Foi correspondente das Nações Unidas em Nova York. Recebeu Prêmio Nobel de literatura por sua obra que entre muitos outros livros inclui “Cem anos de Solidão”. () 

Referência bibliográfica
García Márquez, Gabriel, 1928 -
Crônica de uma morte anunciada / Gabriel García Márquez; tradução Remy Gorga, filho; 39ª ed. - Rio de Janeiro: Record, 2009.
157p.
Tradução de: Crónica de uma muerte anunciada
ISBN 978-85-01-01943-1
1. Crônicas colombianas. I. Gorga, Remy. 1933- II . Título.

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