domingo, 11 de outubro de 2009

A Montanha e o Rio – Da Chen

Ao atirar-se do alto do monte Balan, com o intuito de acabar com a sua vida e a do filho que carregava na barriga, a jovem chinesa não imaginava que a energia provocada pelo impulso pudesse expulsar do seu ventre o pequeno Shento, filho de um respeitado general do exército chinês.
Encontrado por um velho curandeiro pendurado num galho de uma árvore, preso pelo cordão umbilical, Shento foi salvo e teve a infância parecida com a de muitas outras crianças chinesas, até o dia que um faminto mendicante lhe propôs contar a verdadeira história de sua vida em troca do lanche que carregava.
Daí em diante, o jovem Shento elegeu o seu verdadeiro pai como referência e aguardou que ele o reconhecesse como filho, contudo, apesar da aproximação incidida devido o excelente desempenho que tinha na escola, alguns fatos impediram a continuidade do convívio. Posteriormente, a interferência de pessoas da família provocou revolta no jovem disposto a lutar por um lugar ao sol.
Jogado em uma escola com características de campo de concentração nazista, Shento conheceu a jovem Sumi e deste convívio nasceu um relacionamento amoroso que resultou no assassinato de três colegas no momento que tentavam estuprar Sumi. A fuga de Shento tornou-se inevitável, porém, o desapontamento por ter abandonado a sua amada naquele ambiente degradado foi transformado em motivação para um provável reencontro.

Enquanto isso acontecia, Tan Long, meio-irmão de Shento, vivia em berço de ouro em Beijing. Convivia com a família e frequentava escolas de qualidade. A sua professora de inglês Miss Yu o envolveu em movimentos estudantis direcionados à democratização da China, e este envolvimento resultou na prisão e na tortura de Tan por ter ajudado na fuga de Miss Yu. Não bastasse o ocorrido, Tan Long teve o dissabor de ver o seu avô e o seu pai depostos de importantes cargos que exerciam no governo.
Reclusos em terras da família, os Long´s, se tornaram proprietários de grandes conglomerados empresariais, devido a uma ousada estratégia de Tan Long ao resgatar títulos públicos que havia adquirido a preços de bagatela, quando ninguém acreditava que os referidos títulos fossem honrados pelo Banco da China.

Por força do destino, o jovem Tan Long conheceu Sumi no período que ela se submetia aos caprichos de um esquisito empresário para prover a sobrevivência do filho, fruto da relação que teve com Shento na escola, antes do assassinato que motivou a sua fuga.
Sem saber da existência do seu meio-irmão Shento, e a história de Sumi, Tan Long matou o empresário que se dizia dono de Sumi e a libertou juntamente com o filho Tai Ping.

Sumi tornou-se escritora, e, ao lado de Tan Long, membros do Clube da Árvore Venenosa e do Partido Democrático Chinês. Foi defensora dos direitos humanos na China e teve seus livros e textos usados como ferramenta de campanha para democratização do país.

Shento galgava postos importantes no governo e procurava localizar Sumi, na esperança de um dia poder viver ao seu lado. Ao encontrá-la, ficou decepcionado devido ao envolvimento da amada com o seu meio-irmão. Propôs viver com Sumi e seu filho que acabara de conhecer e enquanto aguardava o posicionamento dela fez incursões para destruir o seu meio-irmão.
Revoltada com as ações de Shento, Sumi se afastou dos dois para evitar o conflito.
Daí em diante, Shento, sem perceber, foi usado pelo então presidente Teng Tu para destruir a família do seu pai Long. As consequências desastrosas interferiram no sofrimento de todos, inclusive do próprio Shento, que ao substituir Teng Tu no cargo de presidente do país se deparou com problemas psicológicos. Em momento de desespero e desilusão Shento pondera: “Neste vazio, fui despido de todo o meu poder e voltei a ser o enjeitado nu que eu era. Meu coração tinha fome e meus pés estavam frios.”

O autor da obra, Da Chen, dá um show em sua primeira incursão na área da ficção. O leitor fica ansiado para completar o texto, riquíssimo de detalhes que inclui as tradições orientais e o regime ditatorial chinês. A história lembra o livro “Caim e Abel” escrito por Jeffrey Archer, em outro plano político-social. A estrutura e a forma se assemelham, porém, Da Chen rebrota o texto a exemplo das gemas da árvore que salvou o pequeno Shento, que emergem quando se imagina hibernarem.

Informações sobre o autor - Da Chen nasceu no sul da China, em 1962, emigrou para os Estados Unidos aos 23 anos. É formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia. Mora na região do rio Hudson, no estado de Nova York com a esposa e os dois filhos.

4 comentários:

  1. nossa, me parece de excelente nível a história.gostei muito, e faz tempo que não conheço novos autores, os da china, então, me são por inteiro desconhecidos.
    parabéns pela iniciativa!e adorei seu recado =]

    Flores

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  2. eu li esse livro é PERFEITO

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  3. Esse livro é simplesmente PERFEITO, amei !

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