domingo, 16 de dezembro de 2012

O Duplo – Fiódor Dostoiévski


A narrativa imprime contradições da consciência humana e tem como protagonista o funcionário público Golyádikin. O isolamento provocado pelo distanciamento social produz sentimento de solidão, característico de pessoa que necessita ser aceita como parte de uma sociedade que não a vê de forma igualitária.
O texto, ao revelar os diálogos entre Golyádikin e Golyádikin segundo, se apresenta truncado, indicando a alteração da consciência do protagonista. Para facilitar este entendimento, logo no início da história, o autor conduz o protagonista ao consultório do seu médico, para indicar a existência de anormalidade na personalidade.
Golyádikin tentava, a todo custo, ser aceito em determinada classe social de uma Rússia Czarista, e, por não conseguir, terminou por criar o seu duplo como forma de projetar suas expectativas. Esta fantasia imprimiu diálogos desconexos e desencontrados com a realidade dos fatos. Adentrou, sem ser convidado, na casa do chefe durante uma festa e terminou sendo convidado a se retirar.
“O senhor Golyádikin reconhecera por completo seu amigo noturno. O amigo noturno era ele mesmo – o próprio senhor Golyádikin, outro senhor Golyádikin, mas absolutamente igual a ele, era, em suma, aquilo que se chama o seu duplo, em todos os sentidos...”
“(...) até o próprio senhor Golyádikin estaria disposto a considerar tudo isso um delírio quimérico, uma fugaz perturbação mental, um eclipse da mente (...)”
O duplo escreveu ao senhor Golyádikin: “Se te esqueceres de mim não me esquecerei de ti; tudo é possível na vida, não te esqueças tu de mim!” referindo-se a elevação da autoestima, já que quem falava era o próprio Golyádikin.

Um homem dialoga com ele mesmo e mostra o quanto o isolamento social traz consequências para a sua vida. Idealiza que a filha do chefe quer fugir com ele e se coloca à disposição deste interesse fictício. Enquanto projeta o encontro decide impor uma moral descabida.

O texto é riquíssimo, não só pela textura da linguagem, mas, também, por falar de sentimentos do próprio autor.

Informações sobre o autor – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Crime e Castigo, Irmãos Karamázov, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, Noites Brancas, O Crocodilo, Uma história lamentável, O Duplo, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo. () 

Referência bibliográfica
Dostoiévski, Fiódor, 1821-1881.
O duplo: poema petersburguense / Fiódor Dostoiéviski; tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra; desenhos de Alfred Kubin. Texto sobre Kubin de Samuel Titan Jr. 2. São Paulo: Ed. 34, 2011.
256 p. (Coleção Leste)
ISBN 978-85-7326-472-2
Tradução de Dvoinik
1. Literatura russa. I. Bezerra, Paulo. II. Kubin, Alfred. Título. III. Titan Jr., Samuel. IV. Título. V. Série.


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